Servidores da Funai anunciam greve por assassinato de Bruno e Dom

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Servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio) anunciaram uma greve nacional a partir de quinta-feira (23), a partir das 10h, em todas as unidades do órgão nos estados e no Distrito Federal. Eles exigem a demissão do presidente da fundação, Marcelo Augusto Xavier da Silva, e pedem a responsabilização dos culpados pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.

“Manifestaremos nossa profunda tristeza e indignação pelo assassinato bárbaro do nosso colega Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips e exigiremos a devida identificação e responsabilização de todos os culpados”, informa a nota da associação dos servidores do órgão, a fundação INA (Indigenistas Associados), convocando os funcionários para um ato a ser realizado na sede da Funai, em Brasília.

A nota da INA também exige a saída imediata de Marcelo Xavier da Silva, que “vem promovendo uma gestão anti-indígena e anti-indigenista na instituição”. Marcelo é delegado da Polícia Federal e foi nomeado em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro. Na terça-feira, os funcionários do órgão paralisaram por 24h como protesto à nota divulgada pela Funai na sexta (10), em que o presidente do órgão afirma que Bruno e Dom não tinham autorização para entrar na área indígena do Vale do Javari.

Um relatório publicado pela INA e pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) na terça-feira (14) mostra que cargos de chefia da Funai estão majoritariamente ocupados por militares sem experiência com a área, em uma escala que não se via desde a redemocratização. Baseado em relatos anônimos de funcionários do órgão, o texto afirma que a militarização da Funai durante o governo de Jair Bolsonaro tem afastado a instituição de sua função original, que é proteger os povos indígenas.

Em apenas duas das 39 coordenações regionais da Funai há chefes que são indigenistas de carreira, de acordo com o texto. Enquanto isso, 17 são chefiadas por militares, três, por policiais militares e duas, por policiais federais. Informações divulgadas pela Folha de S.Paulo no sábado (18) mostram também que somente 4 em cada 10 cargos do órgão estão ocupados. Esse é o menor contingente de funcionários permanentes desde 2008. Em 2019 e 2020 o governo Bolsonaro negou a abertura de concursos feitos pela Funai, e dois outros concursos estão em análise no Ministério da Economia.

(Nexo)