A sobrecarga de trabalho dos médicos de Petrolina (PE) dentro das Unidades de Saúde tem sido um dos motivos para a paralisação das atividades por 48 horas. O ato será marcado com uma assembleia organizada pelo Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), nesta sexta-feira (1).
Em entrevista ao programa Nossa Voz, o integrante do sindicato, Dr. José Alberto afirmou que o problema é algo antigo e que toda a categoria já está esgotada. “Esse problema que os médicos têm enfrentado não é de agora. É algo antigo, que vem se agravando, apenas chegou num nível que os médicos decidiram gritar por socorro. Se chegamos a esse nível é que a situação está muito crítica”, disse.
Uma pesquisa realizada pelo Censo de Demografia Médica do CFM, mostra que mais de 30% de todos os médicos brasileiros disseram sofrer com o excesso de trabalho. Os dados dizem que 45,1% são médicos plantonistas formados há menos de 10 anos.
O sindicato conta que desde janeiro de 2022 vem ajustando um diálogo com a secretária municipal para apresentar os pleitos dos médicos locais e José Alberto acende um alerta sobre o alto número de atendimentos e pouco profissionais disponíveis, convergindo numa violência contra a categoria.
“A quantidade de profissionais está bem abaixo da demanda e isso causa estresse para o profissional, para a população, e o que estamos vendo é que não está tendo uma solução efetiva. A população que chega e não é atendida, termina convergindo uma agressão contra os médicos. Vários médicos têm sido agredidos, como se fossem os culpados por não atender, o que não é verdade. Existe um tempo para o atendimento, o número de consultas, tem um programa da saúde da família que precisa ser obedecido, às vezes. A gente precisa aumentar a quantidade de médicos nos postos de saúdes”, contou.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) divulgou que mais de 40% dos médicos enfrentam situações de violência no trabalho. Em Petrolina, no início do ano, uma médica foi agredida por um paciente, a profissional ficou com hematoma no rosto, em decorrência do soco que sofreu.
José Alberto contou para o programa que o município está com baixo número de profissionais e que existe um acúmulo de demandas. “Petrolina tem crescido muito e tem chegado um número de pessoas na cidade, fazendo que os postos de saúde fiquem lotados, os médicos atendem bem acima da capacidade e não há um mecanismo de correção automática. Temos conversado com a secretaria de saúde e há uma necessidade de solicitação do governo federal. A gente sabe que existem caminhos alternativos que podem ser feitos com uma certa urgências”, afirmou.
A paralisação dos médicos vai durar dois dias e contará com uma carreata na próxima quinta-feira (07/07).