O clima esquentou na região e em Petrolina, atrelado a mudança de temperatura veio a falta d’água em vários pontos da cidade. No programa Nossa Voz desta segunda-feira (26) a população se mostrou indignada com a situação. Domingos Libório, líder comunitário e morador do Bairro Pedra Linda, cobrou providências da Compesa, responsável pela operação do sistema de abastecimento.
“Não tem como viver numa situação dessas. Estamos em torno de seis a sete dias sem água. Algumas residências, na parte da manhã, tem a torneirinha baixa saindo um pouco e nas outras, em 90%, não tem nada. E a gente pede porque não vamos ficar mais numa vida dessas de braços cruzados, ver as coisas acontecerem, cobrar, reivindicar. Muitas vezes, é mais uma bomba que está sendo colocada devido ao clima que está quente. E por que que todo ano sabe que quando começa o aumento da temperatura, não manda um aviso que vai desligar [o abastecimento]? A gente não tolera mais isso não. Peço ao dr. Marcelo [Guimarães, gerente da Compesa], a toda a sua equipe, que vamos resolver esse problema hoje porque a partir de amanhã eu entrarei em contato com meus amigos, líderes comunitários, para a gente tomar uma providência”, reforçou.
Na Henrique Leite, a comunidade está contando com carros-pipa doados.
Na Vila Vitória já são 20 dias sem água nas torneiras. “A gente está há 20 dias sem água. Tem que aparar a água na torneira, passando as noites acordados. Estamos sofrendo e as contas estão vindo muito caras e ninguém tem condição. Não tem água, como vai pagar. Está difícil, essas autoridades têm que ter pena de nós, não podemos ficar sem água esse tempo todo não. Como vamos viver sem água? A gente agradece muito se fizerem alguma coisa por nós porque quando é na hora do voto, todo mundo bate na porta e já está chegando, será domingo. Então, se a gente não tiver água para tomar banho para ir para a eleição, como iremos?”, relatou Maria Aldenora.
Ela é lavadeira e além do trabalho comprometido ainda está amargando a cobrança de uma conta de consumo no valor de R$ 344,15. Em conversa com a reportagem do Nossa Voz, Aldenora relatou ter ficado em choque ao receber o boleto. “Eu fiquei parada e disse ao rapaz que não tinha condições de pagar. Todo mundo está vendo que não tem água e a conta vem mais cara. Eu lavo roupa dos outros para sobreviver, aí é que não tenho condições de pagar. E quando chega eu não gasto porque não deixo as minhas torneiras abertas, eu lavo uma roupa por dia. Só moramos eu e meu neto. Eu encho as minhas vasilhas e deixo cheias, só seco quando falta água”, apontou.
Em Izacolândia, a população está na bronca com a falta d’água com um agravante. A comunidade abriga a estação de tratamento de água, mas o abastecimento é direcionado à Lagoa Grande. A gente vive de rodízio, de calendário. O que foi que o governador fez, juntamente com o prefeito de Lagoa Grande, Vilmar Capellaro? Compraram uma bomba e instalaram aqui, sem deixar água para Izacolândia”,denunciou Domingos Sávio.
A situação está espalhada por todos os pontos da cidade. No Condomínio Sol Nascente III, há 15 dias o abastecimento foi interrompido e os moradores estão enfrentando dificuldades. “Hoje eu considero um apelo que estou fazendo para pedir água para o condomínio Sol Nascente tendo em vista que meu marido teve que fazer ontem uma engenharia na água na piscina para levar para a caixa d’água e a gente está usando a água da piscina para tomar banho. O sabonete nem faz espuma, para você ter uma ideia. Essa água não é conveniente para escovar dentes, para usar na cozinha, então, estou usando água mineral para fazer essa outra parte. Isso não é correto, a gente liga para a Compesa e é um descaso. Eles dizem que está normal. Mas eu não dormi de ontem para hoje porque eu fiquei observando esse normal da Compesa. A água chega às 3h30 da madrugada, pouca, insuficiente para subir para as caixas”, relatou Teresa Cunha Lima Gama, moradora do local.
O Nossa Voz entrou em contato com a assessoria de comunicação da Compesa, que repassou os seguintes esclarecimentos:
“A Compesa esclarece que os bairros Pedra Linda, Henrique Leite, Vila Vitória, Condomínio Sol Nascente III estão sendo abastecidos, porém, ainda com pressões baixas. Além disso, por se tratar de locais nas extremidades da rede de distribuição, necessita de um pouco mais de tempo para completa regularização da distribuição. A Compesa orienta aos moradores que estão desabastecidos que solicitem o atendimento via carro pipa, através do telefone 0800 081 0195.
A Companhia explica, ainda, que a situação observada foi motivada pela manutenção em uma das Estações de Tratamento de Água de Petrolina, realizada na última semana, conforme informado anteriormente e que teve a finalidade de ajustar o sistema para atender uma maior demanda de consumo proveniente da chegada da estação mais quente do ano. Em função da complexidade do sistema, a previsão de normalização das pressões e do abastecimento se dará ao longo dos próximos dias”.