A taxa média de juros cobradas nos cartões de crédito chegou a 398,4% ao ano em agosto. É o maior patamar desde agosto de 2017. O custo subiu 3,5 pontos percentuais no último mês e encareceu 62,9 pontos percentuais em 12 meses, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Também houve aumento no custo do cheque especial, que passou de 127,4% para 128,6% ao ano, em média.
Cartões de crédito e cheque especial são as duas linhas mais utilizadas pelos consumidores e estão relacionadas aos índices elevados de endividamento da população. O aumento dos juros dessas modalidades ajudou a elevar as taxas médias do crédito à pessoa física em geral, que subiram de 53,4% para 54,9% ao ano. Com isso, a taxa média de todo o sistema financeiro subiu de 40,4% ao ano, em julho, para 40,6% em agosto. Esses dados são do chamado segmento livre, ou seja, recursos que os bancos podem aplicar a seu critério, sem computar as taxas do sistema habitacional, crédito rural e BNDES, que são reguladas.
Dívidas e atrasos
De acordo com o relatório do BC, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou julho em 53,1%, novo recorde da série histórica do Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 33,6%, também recorde na série.
Em relação à inadimplência de crédito, que considera os atrasos superiores a 90 dias, o patamar permaneceu estável em agosto, em 2,8%. Para as pessoas físicas, o índice passou de 5,5% para 5,6% de um mês para o outro. No caso das empresas, se manteve em 1,8%.
Estoque
Conforme o relatório do BC, o estoque do crédito cresceu 1,6% em agosto, chegando a marca de R$ 5 trilhões. A alta foi de 2,1% para pessoas físicas e de 0,9% para pessoas jurídicas. Em 12 meses, houve elevação de 16,8%. O relatório mostra, ainda, que o estoque de crédito livre avançou 1,3% em agosto, enquanto o de crédito direcionado apresentou alta de 2,2%. No crédito livre, houve elevação de 1,7% para pessoas físicas e 0,7% para as empresas.
O BC informou ainda que o total de operações de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) foi de 54% para 54,3% de julho para agosto.
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