No confronto, um delegado e uma agente ficaram feridos. Ambos foram levados para o hospital e estão fora de perigo, mas seguem em observação
Após o envio de reforços, a Polícia Federal (PF) prendeu o ex-deputado Roberto Jefferson, após ele abrir fogo contra a primeira equipe que chegou em sua propriedade, em Comendador Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio de Janeiro, neste domingo (23/10). No confronto, um delegado e uma agente ficaram feridos. Ambos foram levados para o hospital e passam bem.
Jefferson atirou em policiais federais que foram cumprir o mandado de prisão determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior eleitoral (TSE), que determinou a detenção de Jefferson após o ex-deputado ofender a ministra do STF Cármen Lúcia – além de ataques à Corte e ao sistema eleitoral. Mais cedo, parlamentares haviam protocolado pedido de prisão contra o ex-parlamentar, que cumpria pena em prisão domiciliar.
Os feridos são o delegado Marcelo Vilella, que teria sido atingido na cabeça e na perna; uma policial identificada como Karina foi ferida na cabeça por estilhaços de uma granada supostamente arremessada pelo ex-deputado. Informações dão conta que Jefferson também teria atirado com um fuzil caibre 556 em direção a viatura da PF que estava para em frente a sua propriedade.
Jefferson usou câmeras do circuito interno de segurança para monitorar a movimentação da equipe formada por três agentes, que estavam na porta de sua propriedade. Assim que a viatura parou na frente do portão, o ex-presidente nacional do PTB passou a filmar a tela da TV que transmitia as imagens.
Irritado, Jefferson afirmava que não iria se entregar, e decidiu abrir fogo contra a viatura. O para-brisa foi estilhaçado pelos disparos.
Ataques a Cármem Lúcia
Em prisão domiciliar, Jefferson utilizou as redes sociais da filha, a também ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), para fazer uma série de ofensas à magistrada após Cármen Lúcia ter votado favoravelmente à punição da emissora Jovem Pan.
Na gravação, Roberto Jefferson chama a ministra de “Bruxa de Blair” e “Cármen Lúcifer”. Ele ainda comparou a magistrada a uma “prostituta”. O ex-deputado está impedido de usar redes sociais, como requisito para a prisão domiciliar.
“Vamos atrás de você”
A filha do ex-deputado Cristiane Brasil também foi às redes fomentar discurso de violência contra as ordens do ministro Alexandre de Moraes. Ela afirmou que o pai não vai se entregar à “ditadura do Judiciário” e chegou a dizer que “isso é o estopim do que vai acontecer daqui para frente caso aconteça alguma coisa” com Roberto Jefferson.
“Meu pai não tem nada de louco. Vi a imprensa tentando fazer meu pai como um jagunço, que não soube como agir na questão da Carmén Lúcia… Meu pai está enfrentando à bala”, disse. Cristiane também fez ameaças ao ministro Alexandre de Moraes. “Nós vamos atrás de você!”, encerrou.
Milícias digitais
Roberto Jefferson está em prisão domiciliar. Presidente de honra do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ele acabou preso no dia 13 de agosto de 2021, acusado de integrar milícias digitais que ferem a democracia. O político foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF, por incitação ao crime, ameaça às instituições e homofobia.
Ele chegou a defender intervenção militar e afirmar que as eleições eram fraudulentas. O ministro Alexandre de Moraes substituiu a prisão preventiva pela domiciliar em janeiro deste ano.
(Metrópoles)