Dulci aponta “escanteio” do PT com lideranças do Sertão e cobra renovação da condução da legenda em Pernambuco

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Para a ex-deputada estadual, Dulci Amorim (PT), o Partido dos Trabalhadores falhou com  as lideranças do Sertão. Em entrevista ao Nossa Voz desta sexta-feira (03), ela avaliou a divisão dos recursos oriundos do Fundo Eleitoral e comparou os valores repassados para os postulantes da Região Metropolitana.

“Infelizmente não foi investido nas campanhas aqui do Sertão. Se você fizer um parâmetro, a vereadora de recife recebeu mais de R$ 1 milhão, Vivian, que foi candidata a vice prefeita de Olinda junto com João Paulo, recebeu mais do que eu aqui. Patrick, que foi candidato a vereador, recebeu mais de R$ 1 milhão e eu recebi, na casa dos R$ 600 mil”, afirmou a candidata a deputada federal em 2022. 

Mas as questões estariam além de uma polarização RMR x Sertão. Com apenas R$ 600 mil para tocar a campanha, ela acredita que houve uma visão além do pleito do ano passado. “Eu não sei se não acreditavam no meu nome ou se queriam, realmente, acabar com o projeto político de Odacy. Porque com Odacy [candidato a] deputado estadual, ainda lançaram mais duas candidaturas aqui. Então, infelizmente, houve essa equação que não fechou”. 

Fiel à legenda, Dulci relembrou a recusa ao convite feito por Raquel Lyra para deixar o PT e ingressar em seu grupo. Se você me perguntar se eu fiz a minha parte, enquanto partido, eu fiz. Em março do ano passado, a governadora Raquel Lyra (PSDB) me chamou, pedindo que eu fosse compor com ela. E eu recusei o convite em nome da unidade do partido. (…) Eu fiz a minha parte para com o PT. Se alguém não fez, se o PT não fez a parte dele para comigo, aí não é comigo, é com o partido, que ele faça as suas próprias reflexões”. 

Mantendo-se filiada à legenda, ela aposta numa renovação dos quadros para modernização do partido. “O que eu aposto é numa oxigenação dentro do PT e a gente hoje tem visto essa movimentação. Algumas lideranças entraram no partido com essa missão, justamente. Vários médicos, integrantes de movimentos sociais estão adentrando e a gente acredita que pode conseguir realmente mudar um pouco a mentalidade do PT local”. 

A medida faz-se urgente, na opinião de Amorim. “O que a gente tem que pensar é num PT grande. Hoje, quando fazemos uma reflexão sobre o que é o PT em Pernambuco, entendemos que o  não crescimento do partido no Estado. Por que não houve? Nós temos um presidente, ganhamos mais uma senadora, mas quando você vai para o Legislativo, a legenda manteve 3 deputados estaduais, quando o PT fez 3 deputados estaduais no pior momento, que foi na eleição passada [em 2018]”. 

Dulci ainda reforça a convicção de um ato planejado. “[O partido] não soube identificar e nem soube investir nas lideranças que poderiam ter um nome. Outro ponto que coloco e, infelizmente, eu senti isso do partido, eu senti que era um tipo de escanteio com o povo do Sertão. De achar que nós sertanejos só estamos aptos a votar nas pessoas do Agreste pra cima, para cá não”. 

Questionada se estaria disposta a deixar o Partido dos Trabalhadores, ela condiciona a permanência a mudança de postura no tratamento das lideranças sertanejas. “Temos que ir para as discussões, não podemos tomar uma decisão assim, pensando em Dulcicleide. Acredito que as pessoas têm momentos para fazer as reflexões. Se não mudar nós teremos que pensar em novas oportunidades. Mas eu ainda acredito nas possibilidades de mudanças”.