Aproximadamente 4% da população mundial adulta é afetada pela doença, segundo a ABRAPA
O Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) é uma condição de saúde mental marcada por bruscas e súbitas variações de humor na qual as pessoas alternam entre episódios depressivos, como tristeza, fadiga, isolamento social, perda de prazer e ideações de morte, e episódios maníacos ou eufóricos, como agitação psicomotora, impulsividade, euforia e redução em necessidade de sono. Aproximadamente 4% da população mundial adulta é afetada pela doença, segundo dados de 2022 da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRAPA). Com a temática em destaque no dia 30 de março, data que é celebrada o Dia Mundial do Transtorno Afetivo Bipolar, esse aumento crescente de pessoas com a doença traz a necessidade de debater o tema, além de discutir a importância do diagnóstico correto não só para o controle da enfermidade, como também, para a qualidade de vida e bem-estar dos pacientes.
De acordo com o médico psiquiatra e professor do curso de Medicina da UNINASSAU Cacoal, Humberto Müller, identificar o transtorno bipolar da forma correta é um desafio por tratar-se de uma doença com diagnóstico eminentemente clínico, ou seja, onde não há exames laboratoriais ou de imagem que ajudem a detectá-lo. “É necessário cautela para analisar cada caso. Consultas únicas e/ou de rápida duração, por exemplo, não possibilitam uma observação clínica minuciosa, o que pode acabar ocasionado diagnósticos incorretos e tratamentos inadequados”, aponta.
O professor do curso de Psicologia da UNINASSAU Petrolina, Geovani Cardoso, esclarece que os pacientes precisam buscar o atendimento do médico psiquiatra para obter o diagnóstico preciso. Além dos critérios para diagnosticar a enfermidade sugeridos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), também vai ser levado em consideração se o paciente teve pelo menos um episódio maníaco na vida, pois a ciclicidade do humor é o que caracteriza o fundamento da doença. “Existem diversas condições psiquiátricas que têm similaridade com sintomas de Transtorno Afetivo Bipolar, ainda mais em sua fase depressiva, como é o caso do Transtorno Depressivo Persistente (TDP), e isso pode levar a um outro diagnóstico”, exemplifica.
O psicólogo explica ainda que é fundamental estabelecer um limite de tempo para fechar o diagnóstico, uma vez que o profissional de saúde deve considerar o período em que os sintomas se apresentam. “Quando o diagnóstico é feito de forma muito rápida, ele pode acabar sendo equivocado porque é preciso avaliar e observar aspectos como a topografia, as características e a curva sintomatológica daquela patologia”, pontua.
Para os profissionais é imprescindível que o tratamento do Transtorno Afetivo Bipolar seja conduzido tanto por um médico psiquiatra, com orientações para o uso de medicação para estabilizar o humor, quanto por um psicólogo para receber acompanhamento da psicoterapia. Manter hábitos de vida saudáveis como praticar exercícios e balancear a alimentação, além de poder contar com o suporte familiar são outros pilares essenciais a um prognóstico favorável, tornando possível garantir um bom equilíbrio e controle sintomáticos do paciente.
(Ascom Uninassau)