“Queremos negociar sem condicionamentos ao reajuste salarial”, diz presidente do STTAR sobre convenção da fruticultura

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Com as negociações paralisadas, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina (STTAR), Maria Joelma, reafirma a disponibilidade de retorno à mesa de negociação, desde que não haja condicionalidades para a concessão do reajuste do piso da categoria. Em entrevista ao Nossa Voz desta segunda-feira (29), ela explicou sobre a situação e o que motivou a interrupção da conversa com o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina. 

“Nós queremos, sim, negociar desde que venham sem esse condicionamento. E o pior é que essa condição, veio a princípio, para aumentar o salário para R$ 1.340. Claro, hoje o salário mínimo é R$ 1.320, e o aumento do piso para  R$ 1.340, o traria o reajuste de R$ 20 acima do salário mínimo. Essa era a proposta, mas chegaria ao valor de R$ 1.354, com aumento de R$ 34, porém, condicionado a três cláusulas e nós escolheríamos duas”, revelou. 

Os pontos principais estariam relacionados ao processo de homologação se houvesse a demissão do trabalhador sindicalizado; à uma alteração na disposição da carga horária dos tratoristas e a instituição de acordo de banco de horas sem a participação do sindicato. “Isso seria um prejuízo grandioso para os trabalhadores, onde essa classe ia sofrer muito, porque, hoje a Lei permite que 08h sejam trabalhadas com a permissão de mais duas, com um total de 10 horas trabalhadas. E dentro deste novo formato, poderia haver uma carga horária de 12h trabalhadas, incluindo os sábados, domingos e feriados, assim que fosse convocados e seria necessário estar à disposição. A gente quer negociar, mas queremos negociar sem condicionamentos ao reajuste salarial”, reforçou. 

Joelma ainda pontuou as cláusulas sociais requisitadas pelo STTAR, como o fornecimento de uma cesta básica e o reconhecimento do Dia do Trabalhador Assalariado Rural, a ser celebrado no dia 17/02. “Nós aguardamos o posicionamento da classe patronal, estamos aguardando que a comissão entre em contato com a gente para que possamos sentar. Então, ficou a bola da vez com eles, não ficou com a gente. Nós demos a nossa pedida, então, estamos aguardando eles retornarem. Asseguramos que, em momento nenhum, nós deixamos portas ou janelas fechadas. A gente quer negociar, a gente sabe a importância que tem a convenção coletiva para o Vale do São Francisco”. 

Sobre a acusação de obstrução da entrada de uma fazenda e a solicitação de policiamento no local, a advogada do sindicato, Marília Calado, esclareceu ao Nossa Voz que não havia a impossibilidade de acesso dos funcionários ao local de trabalho. “No dia que informaram sobre a obstrução, estávamos presentes eu e a dra. Rosa, que é a outra advogada do sindicato, observando a panfletagem direitinho e tudo estava seguindo a norma. O que fez com que muitas empresas ficaram chateadas, inclusive a Agrivale, é que os trabalhadores paravam para ouvir o sindicato, o que também é um direito deles, ouvir, se manifestar, dizer sua indignação. Então, eles optaram por parar para ouvir e depois retornaram ao trabalho”. 

A prova disso, segundo a advogada, foi a constatação da polícia que informou aos administradores da fazenda que não havia nada a fazer no local. “A polícia foi lá, conversou, verificou e até informou a eles na empresa que não tinham como fazer nada, porque a manifestação era pacífica e é um direito do sindicato e dos trabalhadores se manifestarem. Inclusive, a greve é um desses direitos. Não é bom, mas se for necessário para a gente obter os direitos que é aquilo que os trabalhadores querem: Melhorias de salário, melhorias nas empresas em que trabalham. O que eles querem na verdade é ser valorizados e é o que está faltando, na verdade”, completou Marília. 

Por fim, Joelma negou haver a articulação de uma greve nos próximos dias, mas não descarta a paralisação por tempo indeterminado, caso as negociações não avancem em prol dos trabalhadores. “A gente está aguardando essa sinalização, depende exclusivamente do Sindicato Patronal, da Comissão Patronal, a hora que eles sinalizarem para a gente sentar, estaremos à disposição, mas até isso acontecer vamos continuar conversando os trabalhadores panfletando sim e se caso a gente não conseguir, a gente vai para a greve”.