Presidente do Sttar Juazeiro descarta greve e prega “ponto de equilíbrio” mediante avanços junto a classe patronal

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Na contramão dos acirramentos ocorridos na construção da convenção coletiva dos trabalhadores da fruticultura do Vale do São Francisco, o presidente do Sindicato dos Assalariados Rurais de Juazeiro, José Manoel, falou ao Nossa Voz de hoje (30) sobre a busca por um ponto de equilíbrio. Ele destacou que a campanha salarial é realizada de forma unificada e descartou a realização de uma greve esteja em curso. 

“Essa campanha salarial é unificada, Bahia e Pernambuco são os dois estados aqui do Vale do São Francisco que compõem todas essas entidades sindicais. Tem também a Fetape, CTB, a CUT e é uma convenção coletiva unificada. O que nós viemos dizer aqui é que todas as entidades precisam colocar o seu ponto de vista e a realidade do que vem acontecendo, iniciou. 

Compondo a comissão que realiza a 29ª campanha salarial da categoria, José Manoel relembrou que o salário da categoria em 2022 foi reajustado em R$ 1.264. “Nós, na mesa de negociação, temos uma proposta colocada em mesa pela classe patronal de 7,12% de reajuste salarial, que elevaria o piso da categoria para R$ 1.354. A inflação do período em que estamos negociando está fixada em 5,93% , com isso, o ganho real aplicado neste salário é de 1,19%”. 

Ele ressaltou que a classe patronal cedeu à retirada de cláusulas na convenção coletiva e incorporou a obrigatoriedade de ações de combate ao racismo e à discriminação ao trabalho da mulher. “Essa também é mais uma evolução que conseguimos na mesa de negociação. É isso que temos que colocar. Durante todo esse período, a classe patronal apresentou outras propostas de alteração da CCT, de ajuste para poder trabalhar com a sua base e a classe dos trabalhadores apresentou outra pauta que continha outros ítens e o tempo foi passando no sentido de amadurecer as propostas que os empresários estão reivindicando, amadurecer as propostas que os trabalhadores estão apresentando e é disso que se trata”. 

O sindicalista, entretanto, reconhece que a mudança na carga horária dos tratoristas é um ponto de atenção. “Nós temos uma única proposta da classe patronal em discussão que é a parte relacionada ao aplicador de agrotóxicos, que têm na convenção a limitação de revezamento. A cada seis meses de aplicação, tem que afastar aquele aplicador durante um período de três meses. O que nós fizemos? Os sindicatos de Juazeiro, Curaçá, vários sindicatos da região fomos conversar com especialistas da área: médicos do trabalho, auditores fiscais do trabalho, engenheiros do trabalho, técnicos de segurança do trabalho. E a constatação depois da conversa com esses profissionais é de que não há nenhum problema à saúde dos trabalhadores a gente fazer esse tipo de ajuste”. 

Apesar dos entraves já listados pela presidente do Sttar Petrolina, Maria Joelma, João Manoel, desconsidera haver um indicativo de greve. “Não existe possibilidade de greve, ninguém discutiu sobre greve. Se tem um sindicato mais extremado, que está discutindo isso, aí esse sindicato precisa explicar de onde partiu é porque tomou essa decisão. O que estamos dizendo é que no Vale do São Francisco não existe discussão sobre greve. O que nós estamos dizendo é que precisamos ter paciência, estamos amadurecendo as propostas e acreditamos que a mesa de negociação está fluindo às discussões, as evoluções estão acontecendo, agora, nós precisamos ter paciência. O tempo não quer dizer que um ou outro lado não quer negociar. O tempo é para amadurecer as propostas e fazer aquilo que, de fato, precisa ser feito com muita responsabilidade”. 

Ele aproveitou a audiência do programa Nossa Voz para solicitar a retomada das mesas de negociação, pausada pela ausência de avanços nas últimas reuniões. “Aqui, em primeira mão no Nossa Voz, eu quero me direcionar, junto com todos os companheiros e outros sindicatos do Vale do São Francisco e outros que não estão aqui presentes, mas que mantemos contato, à comissão patronal e convocar agora, ao vivo, marquem a rodada de negociação. A gente vai encaminhar oficialmente , solicitando para sentar as bancadas e encontrar um ponto de equilíbrio. Aqui não tem história de que ‘eu não chamo, você não chama, se eu não chamar, o outro não chama’. Vamos acabar com isso, nós estamos numa mesa de negociação e o que estamos assistindo é criação de narrativas, fugindo do foco do que estamos discutindo na negociação que é estabelecer o piso dos trabalhadores e apresentar para eles que estão na base aguardando o resultado dessas negociações”. 

Atento às colocações feitas por João Manoel, o STTAR Petrolina encaminhou, por meio da sua assessoria de comunicação, uma nota ao Nossa Voz. Segue na íntegra:

“O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina vem por meio desta reiterar que todas as ações, mobilizações e posicionamentos da entidade ao longo dessa negociação coletiva de trabalho são respaldados pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Pernambuco (FETAEPE) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados Rurais (CONTAR).

Além disso, o STTAR Petrolina tem a legitimidade para representar os trabalhadores assalariados rurais de Petrolina e é exclusivamente com eles o nosso compromisso.”