O que deveria ser uma noite memorável entre as lideranças evangélicas de Petrolina, resultou na troca de farpas e acusações veladas na Câmara Municipal de Petrolina. Durante a sessão desta terça-feira (13), além da aprovação de projetos importantes e honrarias mais que merecidas, como no caso da comunicadora Ângela Santana, alguns vereadores aproveitaram o momento da questão de ordem para questionar os fatos que envolveram os bastidores do encontro do prefeito Simão Durando com 250 pastores evangélicos, realizado na última segunda-feira (12), na sede da Associação dos Agentes Comunitários de Saúde de Petrolina (Acosap).
O primeiro a se manifestar sobre o assunto foi o vereador Wenderson Batista. Pé de Galo, como é conhecido, não escondeu a estranheza de ter sido informado por amigos sobre o evento do prefeito, do qual é aliado. Cismado com a situação, ele afirmou acreditar que foi excluído por quem deseja atrapalhar sua reeleição. “É triste, a gente ter um Poder, como é o Legislativo e nós, vereadores, sermos cessados de participar do evento. Ninguém faz um jantar da noite para o dia, de uma manhã para uma tarde. Sou acostumado a fazer eventos desde novinho. E o que mais me impressiona é vermos familiares nossos, amigos, meus líderes religiosos, porque sou de uma religião, da Igreja Episcopal, e vermos esses líderes recebendo esses convites de um ou outro vereador. Eu só faço uma observação: Ano que vem, a gente conversa. Vamos para as urnas”.
Colocando sal na ferida, o vereador Alex de Jesus, relatou que participava de um programa numa emissora de rádio quando surgiu o questionamento sobre a suposta alteração das comemorações do Dia do Pastor, criado pela Câmara. É que no ano passado, a ideia inicial era que os vereadores indicassem dois pastores para serem homenageados pela Casa. Entretanto, isso não ocorreu, nem em 2022 e nem este ano, quando as homenagens foram prestadas por Simão Durando. Alex de Jesus fez questão de elogiar a postura de Aero Cruz, que colocou regras para que o evento não se tornasse alvo de promoções pessoais.
O líder da bancada evangélica, Josivaldo Barros, tentou justificar a indicação dos pastores para o evento do prefeito. Segundo o parlamentar, a bancada enviou à mesa diretora a solicitação de uma solenidade pela passagem do Dia do Pastor, entretanto essa ela não foi aceita. Sendo assim, houve a união dos objetivos da bancada ao evento organizado pela prefeitura. Entretanto, Josivaldo não detalhou o motivo pelo qual os vereadores que não integram a bancada evangélica não indicaram os líderes evangélicos para as referidas homenagens.
“Em nenhum momento essa bancada impôs que não seria dada oportunidade aos vereadores, até porque não houve no ano passado, justamente por causa do recesso, mas os vereadores teriam a prerrogativa também de indicar. Só houve essa falta de comunicação. Deixando essa celeuma pequena de lado, eu quero parabenizar a todos os pastores, teve o evento ontem, eles foram homenageados e só perdeu quem não foi”.
Wenderson Batista não se mostrou convencido pela fala do colega e afirmou que houve manobra de exclusão dos demais vereadores da casa. “Infelizmente, Josivaldo, é como eu repito: Isso é um Poder constituído, garantido pela Constituição. Isso nivela para baixo o discurso. E eu, como você e como todos me conhecem, com todo respeito, não vou deixar o cavalo passar selado. Vou repetir, ninguém organiza um jantar daquela magnitude da manhã para a tarde ou da tarde para noite. Ninguém confecciona card no mesmo dia. Então, é falta de respeito com quem organizou. Se foi da Casa, se foi da Prefeitura, se foi da Associação, foi falta de respeito. Quando eu erro, dou um passo para trás, peço desculpas e elogio. Mas nós temos que ter hombridade [para admitir] que houve uma manobra. Ano que vem tem eleição. Vamos para as urnas”.
Apontado como conhecedor da história completa sobre a indicação dos pastores para a homenagem feita pelo prefeito, Alex de Jesus negou ter participado do processo. Ruy Wanderley então, deixou claro que ele não teria como participar de um evento do prefeito, sendo vereador de oposição. “Esse é um tema que não deveria ser discutido nem aqui”, lamentou.
Ruy ainda alegou que Alex se recusava a participar das reuniões da bancada evangélicas e em resposta, o oposicionista alegou não participar por causa das “manobras” executadas pelo grupo.
Acusado nas redes sociais de ter se recusado a receber o evento pela passagem do Dia do Pastor, o presidente da casa, Aero Cruz, deixou claro que estuda processar o autor de tal acusação, que seria, inclusive, assessor de um dos vereadores da bancada evagélica. “Ano passado, não aconteceu o evento dos pastores porque parte da bancada dos evangélicos não se entendeu e não aconteceu. É preciso esclarecer e trazer a verdade. Não foi esse presidente que não fez. Eu sou contra um pastor só receber 10 homenagens e tem sim, pastor que estava na relação, já com 10 homenagens. Vamos procurar outro que está começando, ou outro que fez. Recebemos na sexta feira, no final do expediente, uma solicitação para o dia 12, para acontecer o evento. Mas não dizia como seria, nem tampouco, quantos pastores seriam homenageados. Não era correto ficar a parte dos evangélicos convidando a todos os pastores e sim, se o evento é da Câmara de Vereadores, a responsabilidade da mesa diretora e do presidente, é de contemplar a cada vereador”, detalhou Cruz.