Situacionistas defendem que a responsabilidade pelo local é de Juazeiro
Após a repercussão da visita do apresentador Luciano Huck à Ilha do Fogo e os problemas de infraestrutura da entrarem num debate regional acerca do abandono do local que poderia ser uma referência no turismo do Vale do São Francisco, o assunto voltou a ser debatido na Câmara Municipal de Juazeiro.
Durante a sessão desta quinta-feira (17), o vereador Gilmar Santos cobrou a atuação das administrações de Petrolina e Juazeiro, no que diz respeito ao cuidado e estruturação do local que mesmo em meio às deficiências no acesso, coleta de lixo e segurança, serve como ponto de lazer da população das duas cidades:
“Há um imbróglio administrativo e a informação que nós temos é que não está explicado e claro se Petrolina não tem realmente responsabilidade administrativa e a gente quer chamar a atenção dos colegas, principalmente aos que são aliados ao governo para que não a gente não continue passando por esse vexame. Imagina, é um espaço estratégico para o desenvolvimento econômico, para o turismo, a cultura, lazer, mas infelizmente nós temos lá a depredação, o lixo tomando conta e a presença de pessoas que estão fazendo o uso de entorpecentes, mas elas não podem ser criminalizadas como se elas primeiro criassem o problema. Na verdade, você tem o poder público que cria o problema”, analisou.
Como forma de apontar uma solução para essa situação, Santos sugeriu que haja uma nova intervenção federal para estruturação do local. “Nós estamos assumindo o compromisso, inclusive já tem uma agenda nossa com os nossos senadores, já que o senador dos senhores não providenciou. Estamos procurando uma agenda com as instituições federais e vamos articulá-las para que façamos uma intervenção na Ilha do Fogo. É um espaço do povo de Petrolina e Juazeiro. Quem não quer a Ilha do Fogo bem estruturada com política ambiental, de cultura, de turismo, com geração de renda, segurança, todo mundo quer. A gente não precisa que um global venha a essa cidade para despertar o interesse e a importância desse espaço”, destacou.
Na sequência, o vereador Manoel da Acosap concordou com os problemas listados por Gilmar e atribuiu a Juazeiro a competência de atuar na Ilha do Fogo, assim como já faz na Ilha do Rodeadouro.
Zenildo Nunes chegou a afirmar que o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho havia elaborado um projeto de estruturação da Ilha do Fogo, mas não conseguiu implementar porque a responsabilidade pelo local seria do município de Juazeiro.
Apesar das opiniões emitidas pelos vereadores governistas, a verdade é que há um impasse em torno da responsabilidade sobre o local. É que há alguns anos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou um estudo a pedido do Ministério Público de Pernambuco, para definição dos limites entre Pernambuco e Bahia.
Na ocasião, foi constatado que as ilhas do Fogo e Rodeadouro pertenceriam a Juazeiro (BA), já a Ilha do Massangano pertence a Petrolina. Em outubro de 2019 foi realizada uma audiência pública com representantes do IBGE, SEI Bahia, Condep-Fiden de Pernambuco e das procuradorias dos dois estados, para discutir a definição dos limites territoriais. Na ocasião, foi definida a criação de um Projeto de Lei para que a divisão fosse regulamentada, entretanto, esse processo nunca foi finalizado.
Enquanto isso, segue o abandono, o lixo, a insegurança e os riscos de acidente diante de uma estrutura precária de acesso às margens do Rio São Francisco.
Perguntar não ofende: Até quando a população vai pagar o preço pelo jogo de empurra-empurra estabelecido entre Juazeiro e Petrolina quando tratamos desse assunto?