Greve dos servidores do IfSertãoPE e técnicos administrativos da Univasf continua sem previsão de término

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A greve dos servidores federais do IfSertãoPE e dos técnicos administrativos da Univasf segue sem previsão de término, com a possibilidade de continuidade da paralisação. Hoje (20), no programa Nossa Voz, a comissão do comando de greve esteve presente para discutir os principais pontos das negociações. Participaram Marcos Uchôa, técnico administrativo do IfSertãoPE, Erlon Bezerra, professor do Sertão, e Muller Alencar, técnico administrativo da Univasf.

Marcos Uchôa iniciou a conversa destacando a duração da greve e a posição do governo. “Estamos há 72 dias em greve. Nós queremos encerrar a greve, mas o governo precisa oferecer propostas minimamente suficientes para atender nossas reivindicações. Já tivemos avanços relacionados a pautas orçamentárias, como o reajuste salarial e a recomposição do orçamento das instituições federais, mas o governo fragmenta a pauta entre distintos ministérios, o que dificulta a negociação.”

Uchôa também mencionou reivindicações específicas. “Reivindicamos 30 horas para os servidores técnicos administrativos e a possibilidade de que esses servidores possam se candidatar ao cargo de reitor. Estamos discutindo com o Ministério da Educação a saída da greve para que não haja corte de pontos e o reconhecimento de saberes (RSC) para valorizar e acelerar a progressão dos servidores administrativos. O Ministério da Educação ainda não atendeu essas reivindicações. O MEC marcou uma reunião com as entidades sindicais para o dia 25, próxima terça-feira. Localmente, no Sertão, tivemos uma assembleia ontem e decidimos aprovar a proposta orçamentária do governo, mas manter a greve devido às pautas não orçamentárias que ainda serão discutidas.”

O professor Erlon Bezerra comentou sobre a fala do presidente Lula a respeito da duração da greve. “Acho que ele está equivocado nessa posição. Há um descompasso entre a realidade e o discurso. O governo está sendo bem-sucedido no plano econômico e financeiro, mas nossa greve é necessária. Já conquistamos uma recomposição de R$5.5 bilhões do orçamento para as universidades e institutos federais, fruto da nossa mobilização.”

Bezerra destacou os ganhos da mobilização. “Aceitamos o acordo proposto pelo governo, embora não seja o ideal. Nosso ideal é 100%, mas entendemos que estamos batendo no teto do que podemos conquistar com esta greve. Ainda há direitos dos servidores públicos federais por serem conquistados, como a regulamentação do direito de greve e a data base para reajuste salarial. Esta não será a última greve dos serviços públicos federais, pois ainda temos muitos direitos a serem conquistados.”

Muller Alencar, técnico administrativo da Univasf, compartilhou sua experiência como servidor recente e o motivo da greve. “Sou servidor recente na Univasf, desde 2021, e nunca tinha participado de uma greve. Entramos em greve porque o cenário permitiu e para lutar contra a reforma administrativa proposta pelo governo Bolsonaro. O governo Lula está tentando estruturar outra reforma administrativa mais voltada para os servidores, e isso foi uma das razões para nossa greve.”

Alencar também falou sobre o impacto da greve na educação. “Participamos do PPA ativo, abrimos nossa mesa de negociação em setembro do ano passado. A última greve da educação foi em 2016, e agora estamos lutando para manter as universidades em funcionamento, contra a privatização dos serviços públicos e pela valorização dos servidores.”

A greve dos servidores do Sertão permanece em um cenário de impasse, aguardando novas negociações e decisões do governo federal sobre as pautas apresentadas. A reunião com as entidades sindicais está marcada para o dia 25, onde espera-se avanços nas negociações para encerrar a paralisação.