Um pedaço feliz do mundo, com a melhor poesia para novos e velhos baianos, certamente nasce das margens do velho São Francisco, um rio milenar no meio do Angari. Quem dera agora Luiz Galvão para escrever tamanha odisseia com a barca para Preta Pretinha. Juazeiro pudesse gritar as poesias de Manuca. E pudesse surgir numa pétala de repente todo folclore contado por Bebela. Juazeiro sem medo de carrancas, Juazeiro ao sabor das cordas afinadas de Edésio Santos. Juazeiro, sofejando a Maria Fumaça desde Piranga, juntando seus sonhos de ferro.
E as noites misteriosas dos penitentes, entre o chão e as estrelas, como testemunhas do sacrifício sagrado. Para as celebrações demoradas da igreja que pertence a Nossa Senhora das Grotas. Ainda se ouvem, na avenida do Apolo, solenes e carnavalescas, Cacumbu e São Francisco, como se fosse o último axé aos encantos futuros de sua Ivete Sangalo. Juazeiro da confissão baiana em tanta onda média da sua primeira rádio, bem juazeirense.
Entre São Tiago Maior e a Misericórdia, os capítulos rodados vagarosamente em 146 anos de olhos abertos para o futuro. Juazeiro, embalada por sua rica fruticultura, de quase tudo no seu poderoso mercado do produtor, que é entreposto brasileiro. Juazeiro da primeira agronomia e suas centenas de doutores distribuindo ciência. Tudo para deitar na fama interestelar de João Gilberto, trovador por Tóquio, por Roma, por Nova Iorque, além do Rio de Janeiro ou Sampa, São Paulo da bossa nova debaixo do sereno baiano. Quanta ponte e tanto salitre sobre essas águas que fertilizam um povo feliz, tanto faz, porque muito se fez em Juazeiro com essa Bahia nos ombros. Por isso, viva essa cidade que anda pelo mundo. “Juazeiro, my love.”