“Vagabundo bom é morto” versus “Política do esgoto”: vereadores de Petrolina acirram debate sobre segurança

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O tema da segurança pública tomou o centro das discussões na sessão desta terça-feira (29) na Câmara de Petrolina. A sessão começou com o vereador Ronaldo Silva pedindo um minuto de silêncio pela morte do empresário Bruno Ramalho, assassinado na orla da cidade, e do atleta Luan Vieira, vítima fatal de um acidente de trânsito. Silva solicitou que a Casa Legislativa honrasse ambos com uma moção de pesar.

O presidente da Câmara, Aero Cruz, usou o momento para sugerir que Ronaldo Silva, aliado da governadora Raquel Lyra, agendasse uma reunião da Comissão de Segurança da Câmara com o governo estadual. “A cidade tem crescido, e a gente tem acompanhado o crescimento da violência. Precisamos que o governo do estado veja a situação de Petrolina e estruture as forças de segurança para dar uma resposta à altura. Peço ao vereador Ronaldo Silva, que tem um grande acesso à governadora Raquel Lyra, e à comissão de segurança que marquem essa reunião. A população nos cobra”, destacou Aero, mencionando a necessidade de apoio ao 5º BPM, Polícia Civil e Guarda Municipal.

A vereadora Maria Elena trouxe um ponto específico ao debate, cobrando celeridade nos casos de violência contra a mulher e a aplicação das leis. “A sociedade, especialmente a rede de mulheres, espera que o Judiciário cumpra seu papel com imparcialidade. Não podemos mais tolerar a impunidade. Quando um estuprador é preso e logo solto, a sociedade é desrespeitada”, enfatizou, sugerindo uma audiência pública para discutir o problema em novembro.

A fala de Wenderson Batista, vereador conhecido pelas opiniões fortes, foi marcada pela cobrança de ações enérgicas e pela linguagem incisiva. “Vocês que fazem segurança pública têm que ‘botar para torar’ nesses vagabundos; vagabundo bom é vagabundo morto. Passei ontem no centro da cidade, senhor presidente, e é impressionante; uma esculhambação, com gente fumando cachimbo paz na praça. Vocês prendem, e vai para a audiência de custódia, solta e fica nesse samba do criolo doido. Então tem que descer madeira mesmo”, disse Batista, reforçando sua defesa pela repressão.

A resposta veio rapidamente do vereador Gilmar Santos, que criticou a fala de Batista. “Como é que se combate violência? É reproduzindo violência? É com discurso da política que vem do esgoto, do ódio? É com discurso que vem da profundidade do submundo do preconceito, da cultura da violência? Enquanto defensor do direito à educação e de políticas públicas permanentes, vamos defender sempre o lado certo da história, que é o lado da educação, da democracia e da civilidade. Não vamos aqui fortalecer o discurso fácil que nosso povo quer ouvir, o discurso do ódio, o discurso do preconceito, o discurso que desrespeita a dignidade humana”, declarou Santos, destacando a importância de uma oposição propositiva e responsável.

Em resposta indireta, Batista manteve sua posição e afirmou que aqueles que defendem uma postura mais branda deveriam acolher os criminosos em suas próprias casas. “A população de Petrolina não pode ficar refém de meia dúzia de vagabundos. Na hora que qualquer um aqui tiver um ente querido afetado por esses ‘indelinquentes’, vão querer a força da segurança pública. Quem tem compaixão por quem vive fazendo arruaça nas ruas, leve para casa”, reforçou ele, insistindo que a repressão é a única resposta viável à violência.