Nesta quarta-feira (06), o artista plástico Lêdo Ivo iniciou um protesto dentro da Catedral de Petrolina, onde se acorrentou a um dos bancos como forma de cobrar uma dívida da Prefeitura de Petrolina referente a uma obra pública contratada em 2016. Lêdo afirma que o trabalho, uma homenagem ao ex-deputado Osvaldo Coelho, foi iniciado no Parque Josepha Coelho, mas que, apesar de ter concluído parte significativa do projeto, a prefeitura não finalizou o pagamento.
Lêdo Ivo relatou, em entrevista ao blog Petrolina em Destque, ter recebido apenas cerca de um terço do valor acordado para a obra, que inclui uma praça de 600 metros quadrados com um arco de inox e uma escultura de bronze. “Eu comecei a concluir a obra com 60% do valor pago, mas aí a Prefeitura se negou a pagar o restante sem me explicar as razões”, afirmou o artista. Ele relata que a dívida o levou a uma situação financeira difícil, que culminou na falência de sua empresa. “Perdi meu dinheiro. Perdi meu tempo, o carro, minha empresa faliu e eu fui levado nesse turbilhão”, lamentou.
Acorrentado e com provisões mínimas para permanecer no local, Lêdo declarou que não pretende sair da Catedral até que receba o valor devido. “Vou ficar, nem que eu morra aqui, mas não vou sair até que me paguem”, disse ele, em tom de protesto. Ele ainda pediu desculpas aos fiéis pelos possíveis transtornos e demonstrou sua esperança de que as autoridades resolvam a questão.
Em resposta à manifestação, 9 advogado Julio Lossio Filho, filho do ex-prefeito Julio Lossio, pronunciou-se em um vídeo nas redes sociais para esclarecer a posição da gestão de seu pai. “Essa celeuma dessa obra, que está envolvida nessa polêmica seria instalação de uma praça com uma estátua de Osvaldo Coelho. A obra foi contratada na gestão do ex-prefeito Julio Lossio, já no finalzinho foi paga a entrada, cerca de R$ 114 mil, algo em torno disso que representa 30% do valor da obra”, explicou.
Lossio Filho argumentou que o pagamento completo só poderia ter sido efetuado após a entrega final da obra, como previsto nas normas da administração pública. “Ocorre que ela não foi entregue no prazo estabelecido e, por isso, não poderia ter sido realizado o pagamento”, afirmou. Ele mencionou que essa decisão foi respaldada judicialmente e que o caso foi alvo de análise judicial, que concluiu pela legalidade da medida. “A própria Justiça já reconheceu que a prefeitura não poderia pagar por uma obra que não estivesse pronta”, ressaltou.
Para Lossio Filho, a situação poderia ter sido resolvida pelas gestões posteriores, quando a PrefeituradePetrolina esteve sob o comando o ex-prefeito, Miguel Coelho. A partir daí, por meio de uma renegociação, seria permitida a entrega e pagamento da obra, algo que Lossio acredita ter sido negligenciado por questões políticas. “Eu não tenho dúvida que se fosse, por exemplo, uma obra de Paulo Coelho isso teria sido feito… Por uma questão meramente política, eles não tiveram interesse na continuidade dessa obra”, disse.
Até o momento, a Prefeitura de Petrolina não emitiu nota oficial sobre o caso, e Lêdo Ivo segue com seu protesto na igreja, reforçando sua intenção de permanecer no local até que a dívida seja quitada ou uma solução seja apresentada.