As negociações da 31ª Convenção Coletiva de Trabalho da Fruticultura Irrigada no Vale do São Francisco foram suspensas, após falta de consenso entre trabalhadores e empregadores. Representantes do Sindicato dos Trabalhadores Assalariados Rurais de Petrolina (STTAR Petrolina) e de entidades sindicais participaram da discussão para buscar melhorias nas condições de trabalho e na remuneração.
A presidente do Sindicato, Maria Joelma, destacou a insatisfação com as propostas apresentadas pela classe patronal. “Falar que a mão de obra está escassa no Vale do São Francisco é fácil, mas, na hora de negociar, a valorização que esperamos não acontece. A contra-proposta que recebemos não atendeu às expectativas dos trabalhadores. Por isso, resolvemos suspender a negociação e levar a pauta patronal para que os trabalhadores possam avaliar.”
Entre os pontos defendidos pelos trabalhadores estão a redução da carga horária para que o expediente seja de segunda a sexta-feira e o fornecimento de fardamento e cesta básica sem condicionantes. Joelma afirmou que essas demandas visam melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores: “É uma questão de saúde e qualidade de vida. O trabalhador precisa de condições dignas para realizar suas tarefas e, ao mesmo tempo, ter momentos para cuidar da família e descansar. Trabalhar de segunda a sexta proporcionaria isso.”
O advogado do sindicato, Arthur Weinberg, reforçou a necessidade de um debate mais profundo sobre as condições de trabalho e a produtividade. “Na mesa, somos facilitadores do diálogo. Precisamos buscar uma negociação que valorize os trabalhadores e garanta um crescimento sustentável para o setor. A proposta de reduzir a jornada e aumentar a valorização poderia atrair mais mão de obra e tornar o trabalho no campo mais atrativo.”
O diretor-secretário de Finanças da Federação e da Confederação Nacional, Gilvan José Antunes, lamentou a postura dos empregadores. “Não há fruticultura forte sem a valorização do trabalhador. A classe trabalhadora enfrenta precarização, e a proposta salarial apresentada não atendeu nem às perdas inflacionárias. Pedimos um reajuste para R$ 1.650, mas a contra-proposta chegou apenas a R$ 1.530. Além disso, há itens como o adicional de R$ 120 para extratores e R$ 60 para irrigantes que também não avançaram.”
Outro ponto de discussão foi a distribuição da cesta básica, que, segundo Joelma, é oferecida de forma condicional, como uma premiação para quem não falta e atinge metas. Ela argumentou que esse benefício deveria ser universal: “Uma cesta básica não é um prêmio. Ela é essencial para garantir que o trabalhador tenha força para sair de casa às 4h da manhã e voltar às 17h.”
As negociações deverão ser retomadas em breve, mas as lideranças sindicais reiteraram a necessidade de avanços significativos. Para Joelma, a expectativa é que o patronato reconheça a importância dos trabalhadores para o sucesso do setor. “Esperamos uma negociação de qualidade, que mostre ao mundo que essas frutas exportadas são fruto de um trabalho digno e valorizado.”