Em meio aos desafios enfrentados por mulheres em situação de violência doméstica, a tecnologia surge como uma aliada poderosa. Com esse propósito, a estudante do 7º período do curso de Engenharia da Computação da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Priscila de Araújo Andrade, desenvolveu um aplicativo para apoiar as mulheres assistidas pela Ronda Maria da Penha de Juazeiro (BA), da Polícia Militar da Bahia (PM-BA). O trabalho foi orientado pelo professor do Colegiado de Engenharia da Computação (Cecomp), Jadsonlee da Silva Sá. O aplicativo, denominado “Viva”, foi lançado em novembro, durante a solenidade de comemoração dos nove anos da Ronda, que atua no enfrentamento à violência contra a mulher na cidade.
O recurso tecnológico garante que mulheres com medida protetiva consigam pedir ajuda de forma rápida e discreta. Quando o botão no aplicativo é acionado, uma mensagem é enviada automaticamente com a localização atual da mulher. A ferramenta digital será instalada pelos policiais. “O aplicativo foi solicitado pela Ronda Maria da Penha de Juazeiro ao Colegiado do Curso de Engenharia da Computação. A ideia partiu dos policiais, que queriam garantir maior agilidade para as mulheres na hora de pedir socorro”, conta Priscila de Araújo.
O “Viva” foi programado para funcionar com internet, sem internet e sem crédito. Se houver internet, é enviada uma mensagem via WhatsApp contendo a localização. Caso não haja internet, a mensagem é enviada por SMS. Se não houver internet nem crédito, uma ligação para o 190 é realizada automaticamente ao pressionar o botão. O aplicativo também possui gatilhos de emergência que podem ser utilizados para enviar a mensagem de socorro: três toques no botão “liga/desliga”, balançar o celular ou tocar no ícone do botão na tela inicial.
Para a estudante, essa solução tecnológica marca um avanço importante na proteção de mulheres em situação de violência doméstica, permitindo que elas solicitem auxílio de maneira discreta, algo essencial em momentos de grande vulnerabilidade. “Em Juazeiro, temos 1.500 mulheres assistidas pela Ronda Maria da Penha. O aplicativo vem para oferecer uma proteção extra a essas mulheres” afirma.
Priscila ainda destaca que iniciativas como o “Viva” têm o poder de sensibilizar a sociedade, ampliando o debate sobre violência doméstica e incentivando outras instituições a criarem soluções inovadoras. De acordo com ela, a tecnologia é uma aliada no enfrentamento de problemas sociais complexos, e o aplicativo pode se tornar uma referência. “Segundo a PM, o plano é que ele esteja disponível para toda a Bahia e, posteriormente, para o Brasil. Queremos aprimorar ainda mais o aplicativo e adicionar novas funcionalidades”, declara a discente.
O docente Jadsonlee da Silva Sá ressalta o papel da universidade ao contribuir para o enfrentamento de problemas encontrados na sociedade, fortalecendo seu relacionamento com a comunidade externa. “Este tipo de iniciativa comprova o importante papel que a universidade tem diante da sociedade. O aplicativo ‘Viva’ vai garantir maior agilidade na oferta de segurança policial às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar que estão sob medida protetiva de urgência. É uma contribuição relevante da universidade para a Ronda Maria da Penha de Juazeiro, para as famílias e, em especial, para as mulheres”, aponta Sá.