“HIV é tratado como uma doença crônica, como hipertensão ou diabetes”, afirma Juvenilson Andrade

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Nesta segunda-feira (16), em entrevista à nossa voz, o médico infectologista Dr. Juvenilson Andrade destacou a importância do mês de dezembro na mobilização nacional contra o HIV, a AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis. Este período, marcado pela campanha Dezembro Vermelho, visa chamar a atenção para a prevenção, assistência e a proteção dos direitos das pessoas vivendo com o HIV.

Em sua fala, Dr. Juvenilson alertou sobre as principais formas de transmissão do HIV, que incluem a transmissão sexual, o uso compartilhado de seringas por usuários de drogas e a transmissão vertical de mãe para filho, que diminuiu significativamente ao longo dos anos. “A principal forma de transmissão hoje é a sexual, e a prevenção pode ser feita com o uso de preservativos, além de tratamentos de profilaxia como o PEP (pós-exposição) e o PrEP (pré-exposição), que oferecem proteção em casos de risco”, explicou o infectologista.

O avanço do tratamento também foi tema da conversa. Dr. Juvenilson relembrou os primeiros anos da luta contra o HIV, quando, em 2003, exames de diagnóstico levavam até 30 dias para serem realizados, contrastando com a agilidade atual, que permite resultados em apenas 30 minutos. O tratamento, que antigamente exigia o uso de múltiplos medicamentos, evoluiu para um regime mais simplificado com comprimidos combinados, reduzindo os efeitos colaterais. “Hoje, o tratamento antiviral tem poucos efeitos colaterais, e o HIV é tratado como uma doença crônica, como a hipertensão ou o diabetes. Com o tratamento adequado, a pessoa com HIV pode levar uma vida saudável”, afirmou o médico.

Outro aspecto abordado foi a mudança no perfil dos pacientes. “A maioria das infecções hoje atinge homens com menos de 39 anos, especialmente os que fazem sexo com homens. Mas também vemos um aumento de infecções entre mulheres e idosos”, explicou Dr. Juvenilson. Apesar dos avanços no tratamento, ele ressaltou que a busca por testagem e o enfrentamento do estigma ainda são desafios. “O preconceito ainda existe, mas a conscientização tem aumentado. O HIV não é mais visto como uma sentença de morte, e as pessoas têm mais acesso ao tratamento, o que melhora a qualidade de vida dos pacientes.”

Em relação às questões de prevenção, o infectologista enfatizou a importância do sexo seguro e da testagem constante. “Usar preservativo é a principal medida preventiva. A prevenção também envolve medicamentos como o PrEP, que é indicado para pessoas em risco de exposição ao HIV. E após uma relação sexual sem proteção, o PEP pode ser administrado para reduzir as chances de contaminação”, destacou Dr. Juvenilson.

Sobre os avanços na busca por uma cura, o especialista afirmou que a pesquisa está em andamento, mas que, até o momento, a cura do HIV ainda é um desafio devido à alta taxa de mutação do vírus. “Há avanços no tratamento e no diagnóstico, mas a cura ainda não foi alcançada. Estamos vendo alguns casos isolados de pessoas que, após transplante de células-tronco, tiveram sucesso no tratamento, mas isso ainda está distante da prática clínica diária”, explicou.

A vacinação contra o HIV, que tem sido tema de estudos ao longo dos anos, também foi discutida. “A vacina contra o HIV ainda é um desafio científico. O vírus sofre muitas mutações, o que dificulta a criação de uma vacina eficaz. No entanto, estamos avançando na pesquisa e no tratamento”, afirmou o médico.

O papel da prevenção, que deve ser tratado como uma prioridade ao longo de todo o ano, foi um dos pontos destacados na conversa. “Em tempos passados, o governo federal assumia a responsabilidade de campanhas de conscientização, mas hoje isso está mais centralizado nos municípios. Embora tenha diminuído a frequência de campanhas publicitárias, como as que aconteciam no carnaval, é fundamental que a sociedade continue atenta e que os jovens se lembrem da importância da proteção”, concluiu Dr. Juvenilson.

A conversa, que foi marcada por esclarecimentos sobre a realidade do HIV e a evolução dos tratamentos, reforçou a necessidade de continuar a luta contra a doença e a importância da educação e da conscientização contínua. A AIDS, uma doença crônica tratável, não deve ser esquecida, e a prevenção, principalmente o uso do preservativo, continua sendo a principal forma de evitar a transmissão do HIV.