Nesta segunda-feira (20), no mês dedicado à saúde mental, o Janeiro Branco, o psicólogo Marcus Leandro enfatizou a relevância da conscientização sobre o cuidado com o bem-estar emocional e a necessidade de prevenção. Durante entrevista, ele abordou diferentes aspectos que contribuem para o equilíbrio psicológico e os desafios impostos pela vida moderna.
“Um incêndio nunca começa grande; há sempre uma fagulha que indica que algo não vai bem. Às vezes, é melhor buscar um psicólogo, procurar uma orientação e pecar pelo excesso, mesmo que não seja nada grave, do que negligenciar e descobrir que se trata de algo mais sério”, alertou Marcus Leandro.
“Um termômetro é o feedback das pessoas ao nosso redor. Quando estamos em sofrimento, elas percebem e sinalizam: ‘Você não está bem, está mais estressado’. Usar essa percepção ajuda na autoavaliação.”
Leandro também destacou o impacto das redes sociais e do uso excessivo de eletrônicos no bem-estar emocional. “Vivemos em um mundo moderno frenético, onde o uso de dispositivos eletrônicos e redes sociais é excessivo. Isso pode contribuir para o desenvolvimento de quadros psicológicos, como vícios comportamentais”, afirmou.
Ele relatou o caso de uma paciente que usava o celular em situações de risco e descreveu a estratégia utilizada no tratamento: “Pedi que ela colocasse o celular no porta-malas do carro e dirigisse com os vidros abertos, contando quantas pessoas com camisa rosa via pelo caminho. Esse tipo de exercício ajuda a reduzir gradualmente o uso excessivo e estimula a pessoa a olhar para o mundo ao seu redor.”
Outro ponto abordado foi a relação entre expectativas e frustrações, especialmente no início do ano. “É importante criar metas alinhadas com a realidade, que sejam possíveis e de curto prazo. Muitas vezes, expectativas irreais geram frustrações que podem levar a sintomas depressivos”, pontuou.
O psicólogo ressaltou ainda o papel da prevenção no cuidado com a saúde mental. “Nem todo sofrimento mental está associado a um transtorno, mas negligenciá-lo aumenta muito a probabilidade de desenvolvimento de quadros graves. Intervir nos estágios iniciais eleva significativamente as chances de um bom prognóstico.”
Marcus Leandro também falou sobre a necessidade de desmistificar o acompanhamento psicológico e psiquiátrico: “Ainda há tabus, mas temos avançado. A publicização de quadros mentais por figuras públicas, como artistas e influenciadores, ajudou a tornar o tema mais visível e a reduzir o estigma.”
Ele concluiu abordando a responsabilidade tanto dos indivíduos quanto das instituições: “Nenhum trabalho ou relacionamento vale a sua saúde mental. Empresas precisam entender que cuidar da saúde mental dos colaboradores não é apenas altruísmo, mas também uma estratégia para reduzir afastamentos e melhorar a produtividade. Precisamos avançar para um modelo que priorize a promoção e a prevenção em saúde mental, pois os benefícios são imensos para todos os envolvidos.”
O Janeiro Branco reforça a necessidade de atenção contínua à saúde mental, promovendo reflexões e ações que vão além desse mês, com foco em um cuidado integral e preventivo.