O quadro Saúde, do programa Nossa Voz, desta segunda-feira (10) recebeu o enfermeiro Manassés Cruz para um falar sobre os cuidados necessários com feridas diabéticas. O diabetes, uma doença caracterizada pela insuficiência ou ausência total de insulina, pode levar a complicações graves quando não tratado corretamente.
Logo no início da entrevista, Manassés explicou que os pacientes diabéticos têm uma tendência a perder a sensibilidade dos pés, o que pode levar ao desenvolvimento de feridas.
“Normalmente, os pacientes que são diabéticos têm a tendência a perder a sensibilidade dos pés. O processo inflamatório é tão agudo, tão grande, que começam a perder essa sensibilidade. Então, por qualquer coisa minúscula, está andando, não percebe, pisou numa pedra, entrou uma pedrinha no sapato, fez um calo, uma lesão. Qualquer dessas pequenas lesões pode causar feridas”, alertou o enfermeiro.
Quando uma ferida é identificada, a primeira providência deve ser a busca por um profissional capacitado.
“Identificou a ferida, e o meu conselho é procurar de imediato um profissional habilitado para tratar feridas, né? Hoje temos enfermeiros estomaterapeutas, treinados para trabalhar exclusivamente com feridas e doenças da pele”, destacou Manassés.
O especialista também ressaltou os perigos da automedicação em pacientes diabéticos.
“Quando o paciente começa a se automedicar em relação ao diabetes, um dos maiores riscos é a queda repentina da glicemia. Se ele faz uso da medicação sem controle, pode baixar essa glicemia de vez. E aí ele pode ter tontura, fraqueza, desmaio e até um coma relacionado ao processo de hipoglicemia”, alertou.
Uma das principais complicações das feridas diabéticas é a necessidade de amputação. Segundo Manassés, a falta de tratamento adequado pode levar a um quadro irreversível.
“Infelizmente, quando o paciente não trata a ferida corretamente, ele pode chegar a perder o membro. A região fica tão comprometida que não conseguimos mais revascularizar. Ou seja, o sangue não chega até aquele local, ocorre a necrose e, eventualmente, a amputação se torna necessária.”
Durante a entrevista, uma ouvinte, dona Augusta, relatou que pisou em um espinho, retirou-o, mas continuou sentindo dores no pé. Manassés ressaltou a importância de buscar atendimento médico imediatamente.
“Se dona Augusta for diabética, ela precisa sim buscar atendimento em uma unidade de saúde. Mesmo tendo retirado o espinho, existe o risco de infecção. No paciente diabético, qualquer material sujo pode provocar infecção e formar uma ferida de difícil cicatrização.”
O enfermeiro ainda compartilhou um caso impactante que atendeu na clínica.
“Tive um paciente que cortou o pé com um caco de vidro. O corte foi entre os dedos e não cicatrizou. Quando ele procurou a clínica, já estava em estado avançado e precisou ser encaminhado ao hospital. Infelizmente, teve que amputar a perna.”
O especialista explicou que o atendimento para feridas diabéticas pode ser feito na rede pública de saúde, embora existam limitações.
“O atendimento básico é feito pelo SUS, mas o sistema ainda não disponibiliza curativos especiais. Na rede privada, temos clínicas especializadas para casos mais complexos.”
Manassés destacou a necessidade de cuidados redobrados para evitar feridas diabéticas, especialmente em idosos e pessoas com obesidade, que têm dificuldades para inspecionar os próprios pés.
“É fundamental realizar inspeção diária dos pés. Se não conseguir fazer sozinho, peça para um familiar olhar. Umidade entre os dedos pode causar fungos e feridas. Alimentação equilibrada, medicação correta e higiene dos pés são essenciais.”
Encerrando a entrevista, Manassés Cruz reforçou que o diabetes é uma doença crônica, mas que pode ser controlada com os cuidados adequados.
“A diabetes tem tratamento e, quando seguimos as recomendações, conseguimos evitar complicações graves. O uso correto da medicação, mudanças de hábitos e uma boa alimentação fazem toda a diferença.”