A construção de uma nova creche no bairro João de Deus, em Petrolina, tem gerado polêmica entre a prefeitura e a comunidade local. Enquanto a gestão municipal defende a necessidade da obra para atender à crescente demanda por vagas na educação infantil, moradores questionam a escolha do local e a derrubada de árvores para viabilizar o projeto.
Na manhã desta terça-feira (18), a secretária de Educação, Rosane da Costa, concedeu entrevista esclarecendo a posição da prefeitura. Segundo ela, o processo de planejamento da creche já ocorre há meses e a obra deveria ter sido iniciada anteriormente.
“A gente vem com esse processo discursivo desde meados de agosto do ano passado. Essa obra, inclusive, já está com sete meses de atraso. Nós estamos ali, desde o ano passado, discutindo e avaliando as possibilidades. Existe um plano de ordenamento educacional no bairro João de Deus, pois temos uma grande demanda reprimida de vagas. Precisamos corrigir esse problema e garantir que nossas crianças tenham acesso à educação desde cedo”, explicou a secretária.
A necessidade da creche, segundo Rosane, se justifica pelo déficit de vagas na rede municipal. Atualmente, muitas crianças da região são atendidas em prédios improvisados.
“Hoje, utilizamos um galpão adaptado e um prédio alugado na paróquia do bairro, mas esses espaços não são adequados para nossas crianças. O bairro João de Deus tem uma demanda crescente, e nossa meta é garantir que nenhuma escola da rede municipal ultrapasse 800 estudantes, permitindo um melhor atendimento, principalmente para crianças com necessidades especiais”, destacou.
A polêmica, no entanto, envolve a derrubada de árvores para a construção da creche e a falta de consulta pública. Moradores afirmam que não foram devidamente ouvidos e que existem outras áreas disponíveis para o projeto. O vereador Ronaldo Silva expressou indignação com a escolha do local.
“A senhora não está sabendo a dimensão do problema, secretária. Tem vários terrenos públicos no João de Deus onde essa creche poderia ser construída. Mas vocês escolheram esse local, onde a comunidade já tinha um espaço de convivência, e estão destruindo tudo. Ontem mesmo as máquinas estavam derrubando árvores, quebrando tudo. É revoltante ver isso acontecendo aqui, enquanto em outros bairros a prefeitura está revitalizando praças”, criticou o vereador.
Rosane da Costa rebateu as acusações e reforçou que o projeto passou por avaliações técnicas.
“Nós recebemos os moradores e fizemos visitas a diferentes terrenos acompanhados por engenheiros e arquitetos. A escolha do local se deu com base nas dimensões necessárias para uma creche de grande porte, que contará com 10 salas de aula, banheiros adaptados, cozinha e espaços para os professores. Além disso, obtivemos a licença ambiental da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMA), garantindo que apenas algumas árvores serão removidas e que há um plano de compensação ambiental”, argumentou a secretária.
A prefeitura reafirma que a obra seguirá adiante e que, ao final, o bairro João de Deus será beneficiado. Já os moradores prometem continuar pressionando para que o projeto seja revisto. Enquanto isso, o impasse continua e a comunidade aguarda os próximos desdobramentos.