Durante o programa Nossa Voz desta terça-feira (8), um ouvinte da comunidade de Terra Nova, zona rural de Petrolina, denunciou ao vivo a situação de abandono e falta de água enfrentada pelos moradores. Júnior Tavares, representante da comunidade, relatou os últimos acontecimentos e cobrou soluções urgentes da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa).
“Estou aqui reivindicando sobre a falta d’água em Terra Nova. Fizemos uma manifestação na BR, e a Compesa mandou um responsável até aqui. Ele marcou uma reunião para hoje, às 14h, e prometeu enviar carro-pipa para abastecer a população até que se tomasse uma decisão definitiva. Só que ontem eu recebi uma mensagem dizendo que o abastecimento estava suspenso, porque já tinham atendido todo mundo. Mas isso não é verdade, nem todos foram abastecidos.”
O morador explica que, mesmo com a promessa de abastecimento emergencial, a distribuição de água não contemplou toda a população.
“Eles estavam distribuindo apenas 500 litros por pessoa e atendendo só as prioridades, como idosos e pessoas com deficiência. Depois, simplesmente suspenderam os carros-pipa. Isso não pode acontecer. Hoje vamos ter uma reunião com o diretor da empresa. Se não houver solução, a gente vai ter que protestar de novo para garantir nosso direito. A gente não pode ficar sem água. Tem criança, tem gente com deficiência. Água é essencial.”
Em resposta à denúncia, Alex Chaves, gerente regional da Compesa, comentou sobre o histórico da situação e detalhou as ações que vêm sendo realizadas na região, incluindo uma operação de corte de ligações clandestinas.
“A situação no Sítio Facheiro/Terra Nova já vem sendo acompanhada há algum tempo. Estamos fazendo um trabalho de fiscalização, com apoio da Secretaria de Defesa Social, da Polícia Militar e da Polícia Civil. Esse trecho do Sítio Facheiro é justamente onde começa o sistema da adutora de Maria Teresa. A água ali é bruta e o local possui vários loteamentos rurais irregulares. Existe uma ocupação crescente, feita de forma desordenada. Até agora, não temos documentos que comprovem se aquilo é um assentamento ou se os terrenos são regularizados. A população acaba utilizando a água de forma irregular, o que prejudica o sistema.”
Segundo Alex, a situação de uso irregular agrava o problema de abastecimento.
“Na última semana, retiramos cerca de 500 ligações clandestinas naquela região. Foram ligações ilegais feitas no Sítio Facheiro, no Piranha, no trecho do Fortaleza… tudo foi somado nessa ação. Em alguns casos, no passado, houve autorizações pontuais, talvez por decisões judiciais ou termos de responsabilidade, mas isso não se sustenta porque se trata de água bruta. A manifestação da semana passada na BR foi legítima, e tudo foi conduzido de forma tranquila com apoio da PRF e da equipe de segurança patrimonial, que conta com policiais cedidos pela Secretaria de Defesa Social.”
Ainda de acordo com ele, a situação é complexa e envolve diversos setores do poder público.
“Alguns vereadores também foram acionados. O próprio Ronaldo Silva, que é bastante ligado ao governo, está acompanhando a situação.
A gente entende a necessidade da população. Por isso, já enviamos nosso setor social para fazer um levantamento das famílias da área. Sabemos que existem idosos, crianças, famílias inteiras vivendo ali, especialmente na altura do km 25, que virou uma área quase urbanizada. É uma situação que o poder público deixou passar, porque nem sabemos se aquilo é oficialmente uma vila, se tem documentação, se o INCRA fez o desmembramento corretamente. Mas, independentemente disso, a solução tem que vir.”
A Compesa afirma que está tratando o caso como prioridade e que a comunidade de Terra Nova será a primeira a ser contemplada por um novo plano de reestruturação do sistema de abastecimento.
“A gente não é contra o pessoal que precisa da terra para plantar, claro que não. Mas a gente precisa abrir o debate, discutir com seriedade.
A adutora de Maria Teresa tem 160 km, e Terra Nova será a primeira comunidade a receber intervenção nesse projeto. Depois virão Afrânio, Dormentes e outras localidades. Esse trabalho já começou, e não pode mais ser ignorado pelo poder público.”
Além disso, uma nova rodada de conversas com o Ministério Público e com a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado está prevista.
“A Secretaria de Recursos Hídricos do Estado já foi acionada. Existe o SISAR, que é o Sistema Integrado de Saneamento Rural.
Na semana retrasada, fizemos reuniões no sindicato dos trabalhadores rurais, reunindo vários presidentes de associação para apresentar essa ferramenta de gestão pública. Também estivemos no Link, debatendo ações, e visitamos comunidades como Sítio Porteiras, Serrote do Urubu. Hoje, às 9h30, teremos uma reunião com o Ministério Público para apresentar à comunidade as soluções: as imediatas, as de médio prazo e as de longo prazo.”
A população aguarda os desdobramentos da reunião e cobra medidas efetivas. Caso não haja respostas, os moradores prometem retomar os protestos.