Superintendente do HU-Univasf apresenta panorama da unidade e cobra integração entre municípios para desafogar atendimentos

0

Durante a sessão da Câmara Municipal de Petrolina desta terça-feira (22), o superintendente do Hospital Universitário (HU-Univasf), Julianelli Tolentino, fez uso da Tribuna Livre para apresentar um diagnóstico detalhado sobre o funcionamento da unidade, os desafios enfrentados e os avanços já implementados em 2025. A fala foi marcada por dados objetivos, propostas de cooperação entre entes federativos e apelos por uma reorganização do sistema de saúde na região.

Segundo Tolentino, o HU tem registrado um alto volume de atendimentos de classificação verde — casos de baixa complexidade que poderiam ser resolvidos na atenção básica. “A recomendação é avaliar a implantação de novos serviços de menor complexidade nos bairros e unidades de saúde para que essas demandas não sobrecarreguem o HU, que é um hospital de média e alta complexidade”, afirmou o superintendente. Ele sugeriu ainda a capacitação de equipes do município para realização de procedimentos simples, como pequenas suturas.

Outro dado preocupante apresentado foi o crescimento de pacientes internados em leitos improvisados, como os corredores. A questão, segundo Julianelli, está sendo discutida com a CRI (Comissão Intergestores Regional), formada por representantes da gestão estadual e de 53 municípios que compõem a rede PEBA. O superintendente destacou que o HU é prestador de serviço, mas depende da regulação eficiente dos municípios para evitar a superlotação.

Julianelli também alertou para o atendimento de pacientes fora do perfil assistencial do HU, como casos de pediatria e clínica médica. “Recebemos todos os dias crianças, até bebês, que ficam misturados com adultos. Não temos ortopedista pediátrico, mas atendemos porque não podemos deixar essas crianças à míngua”, desabafou. Ele defendeu a redistribuição de responsabilidades entre os municípios da macro região.

Apesar das dificuldades, o superintendente apresentou avanços significativos já alcançados em 2025, entre eles:

  • Contratação de médicos anestesistas, o que ampliou a média de turnos cirúrgicos de 80 para 145 por mês;
  • Implantação de equipes de atenção domiciliar, que passam a atender pacientes em casa;
  • Admissão de 400 novos servidores públicos em menos de um ano e meio;
  • Instalação de novo tomógrafo de última geração, novo equipamento de raio-X e outros investimentos em tecnologia;
  • Criação de uma sala de acolhimento familiar na UTI;
  • Ações de qualificação do corpo assistencial e melhorias nas condições de trabalho da equipe.

A fala de Julianelli gerou reações entre parlamentares da oposição e da base do governo.

O vereador Gilmar Santos (PT) cobrou mais efetividade da atenção básica municipal: “Como é que esse município que fala tanto em força política não tem sequer uma pequena unidade para fazer cirurgias simples? O SUS precisa começar a funcionar na atenção primária.”

Ronaldo Silva (MDB) também criticou a gestão municipal: “Se o Hospital Municipal existisse de fato, como diz o secretário nas entrevistas, as pessoas com dor de cabeça e dor de barriga não estariam indo para o Hospital de Trauma, que acaba ficando superlotado.”

Do lado da base governista, a vereadora Rosarinha Coelho (União) defendeu a integração entre os entes: “Ninguém vai conseguir fazer SUS sozinho. O HU precisa funcionar, o Estado precisa funcionar, e o município também. Todos devem estar de mãos dadas para que a saúde deixe de ser um sonho.”

Já o líder do governo, Diogo Hoffmann (PSDB), apresentou dados que, segundo ele, provam o esforço da gestão Simão Durando. “Entre janeiro e abril de 2025, o Hospital Municipal de Petrolina realizou mais de 24 mil procedimentos, entre cirurgias, consultas e exames. A fila de pequenas cirurgias do SUS está zerada neste momento.”

Hoffmann ainda destacou que, mesmo com o crescimento da população, os números de pacientes excedentes no HU se mantêm estáveis, o que, segundo ele, indica eficiência no sistema local. Ele também questionou Julianelli sobre o impacto da abertura do Hospital de Paulo Afonso e a possibilidade de expansão da estrutura do HU em Petrolina.

Por fim, o vereador Ronaldo Cancão (União), autor do requerimento que levou o superintendente à Câmara, rebateu as críticas com um tom mais técnico. “A novidade é: um novo hospital federal em Paulo Afonso. Diminui em 350 mil pessoas a pressão sobre o Hospital de Trauma, abrangendo mais de 19 municípios. Só com sete desses municípios já são cerca de 270 mil habitantes. Isso melhora a qualificação do serviço no trauma. E nós não podemos fazer política pequena, agressiva.

A sessão evidenciou o papel central do Hospital Universitário na assistência hospitalar da região, ao mesmo tempo em que escancarou a necessidade de uma articulação mais eficiente entre municípios, Estado e União para evitar que a unidade opere além de sua capacidade.