A Polícia Militar da Bahia comemora resultados expressivos alcançados durante a Operação Semana Santa na região Norte do estado. Em entrevista exclusiva, o comandante do Comando de Policiamento da Região Norte (CPRN), Coronel Wildon Teixeira dos Reis, destacou a redução de 85,7% nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) e apresentou as estratégias por trás dos avanços na segurança pública local.
“É com muita satisfação que nós estamos aqui divulgando esses índices. Essa redução é fruto de um trabalho intenso da Polícia Militar do Estado da Bahia, dos nossos guerreiros e guerreiras que se encontram todos os dias nas ruas”, declarou o comandante, enfatizando o esforço coletivo das tropas espalhadas pelos 19 municípios que compõem a região.
Durante o feriado prolongado, a PMBA intensificou o policiamento em toda a área de atuação. Foram reforçadas abordagens e ações de inteligência, com foco especial nas motocicletas, identificadas como o principal meio de locomoção utilizado por criminosos.
“Nós intensificamos, principalmente no que se refere a abordagens, às blitzes. Através dos nossos estudos de inteligência, nós identificamos que os crimes estavam sendo praticados com o uso da motocicleta. Foram 555 motocicletas apreendidas só este ano. Isso mostra que muitas pessoas estão adquirindo esse veículo e não regularizam, ou usam peças e motos roubadas. Foram também 85 veículos recuperados”, explicou.
Apesar de críticas recentes sobre o número de blitzes e o destino dos veículos apreendidos, o Coronel rebateu com firmeza:
“Muitas vezes a blitz incomoda, mas incomoda quem anda irregular. Se a pessoa está com sua documentação em dia, não precisa ter medo nem receio de passar por uma blitz da Polícia Militar. Mesmo porque aquilo ali é para sua segurança.”
Outro dado que chama atenção é o número de armas retiradas de circulação. Em pouco mais de quatro meses, 217 armas de fogo e 164 armas brancas foram apreendidas. Em comparação, durante todo o ano de 2024, foram 675 armas de fogo recolhidas.
“A partir do momento que nós começamos as operações Duas Rodas, baixaram os índices de crimes violentos com arma de fogo. E aí começaram a praticar crimes a pé e com faca. Dos sete homicídios registrados esse mês, cinco foram cometidos com arma branca, principalmente em Juazeiro. E muitos desses são crimes de proximidade, dentro de casa ou na porta, em contextos familiares ou de vizinhança, muitas vezes ligados ao uso de bebida alcoólica”, contou.
O comandante também destacou a atuação da PM na repressão ao tráfico de drogas e erradicação de plantios ilegais.
“Nós estamos erradicando muitas roças de maconha, principalmente na região de Curaçá. A presença do rio facilita a irrigação nas ilhas, e nós estamos atuando firmemente nisso. Se tem menos droga, tem menos crime. Mas infelizmente ainda temos muitos consumidores, e são eles que financiam o crime”, apontou.
Em números, a PM da região Norte já apreendeu 55 menores este ano, realizou 622 prisões em flagrante e conduziu 1.492 pessoas à delegacia.
“Nós estamos vivendo uma fase em que a Polícia Militar trabalha muito. O Governo do Estado vem investindo bastante. Estamos recebendo novas viaturas, motocicletas e armamentos de última geração, como os fuzis. Claro que nós não queremos o enfrentamento, queremos a prevenção. Mas muitas vezes, infelizmente, é inevitável”, avaliou o coronel.
Sobre o efetivo, a realidade é de avanço. O CPRN já formou 86 novos policiais este ano e deve formar mais 86 até dezembro. A expectativa é que o número seja suficiente para manter o padrão de segurança.
“A recomposição do nosso efetivo está em curso. Hoje, o efetivo que temos permite dar uma segurança aceitável à nossa população. E vamos continuar nessa pegada, aumentar o número de abordagens e blitzes. Sabemos que muitos reclamam, mas é o que temos de mais eficiente no combate à criminalidade”, disse.
A integração entre as forças de segurança também foi ressaltada como essencial, principalmente considerando a proximidade entre Juazeiro e Petrolina.
“Eu não entendo Juazeiro sem Petrolina, nem Petrolina sem Juazeiro. Para mim, é uma cidade só. Muitos crimes aqui são praticados por pessoas que vêm de lá e vice-versa. Por isso estamos trabalhando de forma integrada com a Polícia Civil, a Guarda Municipal e até com a Polícia Rodoviária e a Federal.”
O comandante finalizou deixando uma mensagem à comunidade:
“Eu costumo dizer aos meus soldados que a gente cuida da gente primeiro, porque a gente mora aqui, temos nossos familiares, amigos. A gente tem que fazer dessa região um lugar tranquilo para se viver. E a comunidade tem um papel fundamental nesse processo. A denúncia anônima, a colaboração com a polícia, tudo isso ajuda. Segurança pública se faz com todos nós.”