Sertão do São Francisco em destaque: além das uvas e mangas de Petrolina, manta caprina de Dormentes pode ganhar selo de Indicação Geográfica (IG)

0


Iniciativa da Adepe em parceria com o Sebrae/PE busca fortalecer 13 produtos tradicionais em todo Estado. Em Dormentes, foco é a manta caprina do município que possui o segundo maior rebanho de caprinos do Brasil

Em Pernambuco, três produtos e serviços já ganham o título de Indicações Geográficas – que são uma espécie de selo, o IG, que reconhecem regiões que desenvolvem produtos ou serviços com identidade territorial. São eles: vinhos do Vale do São Francisco, as uvas e mangas de Petrolina, e o Porto Digital, no Recife. Agora, uma parceria entre a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco (Sebrae/PE) buscará trazer ainda mais notoriedade para esses e outros 13 ícones da cultura pernambucana. Entre eles, também na região do São Francisco, destaca-se a Manta Caprina de Dormentes. Será investido um total de R$2,9 milhões no projeto, que será rateado pelas duas instituições.

Os vinhos do São Francisco, produzidos em uma região de clima semiárido, ganharam reconhecimento por suas características únicas, enquanto as uvas e mangas de Petrolina são valorizadas pela qualidade e sabor, impulsionando o setor agrícola e gerando empregos no Sertão do São Francisco.

O projeto busca ampliar esse reconhecimento a outros ícones da identidade produtiva e cultural pernambucana. No Sertão do São Francisco, o destaque fica com a manta caprina produzida em Dormentes — município com o maior rebanho de ovinos de Pernambuco, somando cerca de 330 mil cabeças.

Segundo dados do IBGE, Pernambuco ocupa a segunda posição no ranking nacional de rebanhos de caprinos (3,2 milhões de cabeças) e ovinos (3,5 milhões), ficando atrás apenas da Bahia. Em Dormentes, o manejo da criação e o clima semiárido da região conferem à carne caprina características únicas de sabor e qualidade, fruto da rusticidade dos animais e das técnicas tradicionais de produção.
A proposta de reconhecimento do Caprino de Dormentes, especialmente a manta caprina, como Indicação Geográfica (IG) encontra bases sólidas nas características ambientais e nas práticas de criação locais, que conferem ao produto qualidades diferenciadas. O município de Dormentes apresenta características climáticas típicas do semiárido brasileiro, sendo marcado por condições climáticas adversas com altas temperaturas, clima seco e vegetação de caatinga. Isso exige que os animais sejam extremamente adaptáveis, contribuindo para a rusticidade e a qualidade da carne caprina, que, ao ser produzida em um sistema de criação extensivo e bem adaptado, desenvolve características únicas.

O projeto Adepe/Sebrae tem o objetivo de identificar, estruturar e solicitar o registro das novas IGs junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Em todo o país, são 130 Indicações Geográficas, a maior parte delas presentes em estados com fortes tradições agrícolas e artesanais, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

Além da manta caprina, também foram selecionados os seguintes produtos para estudos: artesanato de madeira de Sertânia, mel e queijo coalho do Araripe, barro de Caruaru, abacaxi de Pombos, café de Triunfo, artesanato de Tracunhaém e a renda renascença de Poção, além de produtos gastronômicos como bolos de noiva, de rolo e Souza Leão. O projeto de ampliação das IGs será desenvolvido em quatro etapas: diagnóstico, estruturação, submissão dos pedidos e acompanhamento dos processos. A expectativa é de que o projeto esteja finalizado até 2026.

Para a Adepe, essa iniciativa representa um grande avanço na valorização dos arranjos produtivos locais, além de dar visibilidade a produtos tradicionais e inovadores de Pernambuco. “É missão da Adepe fomentar o desenvolvimento dos arranjos produtivos de todo o Estado, em seus 184 municípios. O Projeto de Identificação Geográfica vem para dar destaque àqueles mais relevantes e torná-los exemplo da valorização do que é produzido em Pernambuco. O crescimento do nosso PIB dá sinais claros da importância da nossa agricultura e dos nossos arranjos produtivos e estamos muito felizes em sairmos na frente com este projeto ao lado de um parceiro tão importante como é o Sebrae Pernambuco”, detalhou o presidente da Adepe, André Teixeira Filho.

Superintendente do Sebrae/PE, Murilo Guerra destaca que a iniciativa ajuda a valorizar a riqueza dos territórios pernambucanos e a promover o desenvolvimento dos pequenos negócios. “A valorização do regionalismo tem se consolidado como uma estratégia importante para estimular o desenvolvimento econômico e social e ampliar a competitividade nos mercados nacional e internacional. O reconhecimento das Indicações Geográficas protege o conhecimento tradicional ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos e serviços locais”, enfatiza.

MAIS
As Indicações Geográficas são certificações concedidas a regiões que se tornaram conhecidas ou apresentam características distintivas ligadas a um produto ou serviço. Elas podem ser classificadas como Indicação de Procedência (IP), quando a região já é reconhecida pela produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço, ou Denominação de Origem (DO), quando há uma ligação entre as características do produto e seu meio geográfico e dos fatores naturais e humanos ali presentes.