A formalização da federação entre o Progressistas (PP) e o União Brasil, batizada de União Progressista, inaugura um novo ciclo no tabuleiro político de Pernambuco com vistas à eleição de 2026. Com o anúncio oficial feito para esta terça-feira (23), em Brasília, o acordo nacional sela uma parceria de centro-direita que deve durar pelo menos quatro anos, conforme determina a legislação.
Embora a federação ainda não defina um nome para disputar o Palácio do Planalto, o acordo permite que lideranças regionais sigam com suas pré-candidaturas de forma independente, observando o desempenho e a viabilidade eleitoral de cada nome. Nacionalmente, Ronaldo Caiado (União) e Tereza Cristina (PP) seguem como apostas possíveis, mas sem imposições entre os partidos. O mesmo cenário de liberdade estratégica deve prevalecer nos estados — e em Pernambuco, isso tem efeitos diretos.
Eduardo da Fonte e Miguel Coelho: dois polos de força
Em solo pernambucano, a presidência da federação foi entregue ao deputado federal Eduardo da Fonte (PP), respaldado pelos números expressivos da última eleição: os quatro deputados federais do PP somaram mais de 539 mil votos, superando os 305 mil conquistados pelos três parlamentares do União Brasil. A matemática reforça o protagonismo do PP local e sustenta a decisão de centralizar a articulação em torno de Da Fonte.
Já a vice-presidência estadual ficou com Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina e liderança do União Brasil no Sertão Pernambucano. A escolha evidencia um pacto de equilíbrio e respeito entre as forças que compõem a nova federação, mas também antecipa um embate velado entre duas lideranças com capital político e ambições para 2026 — especialmente em relação a uma vaga ao Senado Federal.
Um bloco favorável ou contra Raquel Lyra?
A aliança entre PP e União Brasil deve ser observada não apenas como uma soma de forças, mas como um possível centro gravitacional que pode agregar ou repelir o grupo político da governadora Raquel Lyra (PSD). Embora Eduardo da Fonte mantenha uma relação institucional com o Palácio do Campo das Princesas, a federação abre margem para consolidar um campo de influência próprio, que poderá disputar espaço ou até mesmo apoiar o projeto do PSB, encabeçado por João Campos, numa aliança capineada por Miguel Coelho.
Tanto Da Fonte quanto Miguel já são apontados como possíveis nomes para disputar o Senado ou até mesmo o governo do estado compondo a vice. Neste cenário, a federação funcionaria como um laboratório político para medir forças internas, construir candidaturas viáveis e atrair quadros de outras legendas.
Cálculo eleitoral e risco de atrito
Ao mesmo tempo que soma musculatura eleitoral, a União Progressista carrega consigo o desafio da convivência entre projetos pessoais de poder. Caso Eduardo da Fonte e Miguel Coelho insistam em pleitear o mesmo espaço em 2026, será necessário um acordo interno para evitar que a federação entre em colapso por disputas prematuras.
Além disso, o desempenho da federação em nível nacional influenciará diretamente a formatação de palanques nos estados. Caso o grupo lance uma candidatura própria à presidência, o alinhamento interno se tornará ainda mais complexo — especialmente se houver divergências sobre quem apoiar no primeiro turno.
Portanto, trata-se de um teste de maturidade política onde há uma aposta na estabilidade e na convergência estratégica, mas também um teste de maturidade para suas lideranças. Em Pernambuco, o sucesso da União Progressista dependerá menos de acordos formais e mais da habilidade de manter um diálogo contínuo, respeitar os territórios políticos e unificar objetivos eleitorais. E se for mal gerido, pode se converter em disputa interna. Que comecem os jogos.