Prevenção ao Choque Elétrico: Diretora do SAMU de Petrolina alerta sobre riscos e orienta população

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Em entrevista ao programa Nossa Voz, a diretora do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Petrolina, Grazziela Franklin, fez um alerta comovente e educativo sobre os riscos dos acidentes com choque elétrico. Com um aumento preocupante de 12% nas ocorrências deste tipo só nos primeiros meses do ano, Franklin reforçou a importância da conscientização, da educação preventiva e da fiscalização adequada.

Logo ao início da conversa, a diretora destacou a relevância do espaço para diálogo sobre o tema:
“Quando acontece alguma tragédia aqui na nossa cidade relacionada a choque elétrico, acaba que todos nós ficamos tristes, né? Ficamos comovidos com a situação e ficamos pensando: ‘Meu Deus, isso aconteceu, poderia ter acontecido comigo’.”

Segundo Grazziela, o número de acidentes já é expressivo e tende a crescer se nenhuma medida for adotada:
“A gente tá com a expectativa de pelo menos voltar ao índice do que a gente tinha feito no ano passado, que foram 24 ocorrências durante o ano todo. Comparando os meses deste ano com os do ano passado, a gente já vê um aumento de 12%, que é um aumento muito considerável.”

Ela ressaltou a necessidade de investir mais em educação permanente e em ações dentro das escolas:
“Se a gente conseguisse espaço em mais lugares, entrar dentro das escolas, melhorar o nosso núcleo da educação permanente… A gente já tem colocado no núcleo da educação permanente choques junto com queimaduras para trabalhar agora em julho, porque julho também é o mês das queimaduras.”

Sobre os comportamentos de risco mais comuns, Grazziela foi enfática ao relatar casos reais que atendeu:
“Aqui em Petrolina, por exemplo, teve o caso da mãe que lavava a geladeira, a criança passando ali, puxou o fio, tomou uma descarga e foi a óbito. São atitudes que a gente não tem noção de que água conduz corrente. Esse é o basicão do choque elétrico.”

Ela também compartilhou uma experiência pessoal:
“Eu recentemente tive um problema numa casa que alugo, e o eletricista me disse: ‘A fiação que foi feita para essa casa não suporta os equipamentos que você tem.’ E como foi que eu descobri? Porque a caixa explodiu.”

A diretora reforçou a importância de uma vistoria técnica:
“Vale a pena chamar um eletricista ou engenheiro eletricista para fazer uma vistoria simples na sua casa. Ele vai em todas as tomadas, vê se a amperagem está correta. A gente pode evitar tragédias com atitudes como essa.”

Sobre o uso de “gatos” – ligações elétricas irregulares –, ela apontou os riscos, ainda que compreenda a raiz do problema:
“A gente sabe que a população faz porque não tem dinheiro para pagar uma conta mínima de energia, de R$ 25. Mas não é assim que se resolve situações de política e sociais. Essas ligações oferecem grande risco.”

Outro ponto de destaque foi a presença de crianças em ambientes perigosos:
“A gente precisa ter muito cuidado com os nossos filhos. E mais: orientar as pessoas que ficam com eles. Depois de um choque elétrico, é muito, muito pouco provável que a criança volte com as mesmas habilidades.”

Ao ser questionada sobre o que deve ser feito em caso de acidente, Grazziela orientou:
“Não tocar no corpo da vítima. Se puder, com algo de madeira sem prego ou ponta metálica, tente afastar a pessoa do fio. E desligar imediatamente o disjuntor da casa. Depois, ligar para o SAMU. Nunca tente tirar a pessoa com a mão.”

Ela também mencionou o medo de situações aparentemente simples:
“Chuva me deixa cabreira. Não sei por quê, mas tenho medo de pegar em fio, de sair para pegar uma roupa no muro… Às vezes parece uma cordinha, mas é um fio.”

A conversa abordou ainda acidentes com aparelhos domésticos como chapinhas e máquinas de lavar:
“Secador, prancha, são equipamentos que envolvem muita energia. Nunca use descalça, nem com a mão molhada. Algumas pranchas não são para cabelo molhado. E nunca deixe sobre o tapete ou no banheiro. Eu boto a minha na cama, com uma toalha. E depois, lá em cima do guarda-roupa.”

Sobre trabalhadores informais, como eletricistas e pedreiros, ela lamentou a falta de proteção:
“A grande maioria já fez curso, sabe das normas. Mas não usam. A fiscalização é falha. Aqui nas ruas, nos bairros, raramente se vê um com EPI completo. E é importante dizer que eletricistas bons estão escassos.”

Ao final da entrevista, a diretora reafirmou que o SAMU está preparado para atuar nessas emergências:
“A gente conseguiu montar o núcleo de educação em urgências. Eu treino minha equipe para tudo: parada cardíaca, trauma, choque, queimadura. Então, sim, a gente está preparado.”