Debate sobre transporte público volta à Câmara de Petrolina com embate entre Gabriel Menezes e Ronaldo Silva

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Na sessão da última quinta-feira (08), o debate sobre o sistema de transporte coletivo de Petrolina voltou à pauta da Câmara Municipal, reacendendo a polêmica em torno do acordo firmado entre a prefeitura e a empresa Atlântico Transportes. O embate desta vez colocou o vereador Gabriel Menezes, agora na bancada governista, frente a frente com o oposicionista Ronaldo Silva, que tem sido um dos principais críticos do serviço prestado à população.

Gabriel Menezes defendeu a gestão municipal e rebateu as críticas feitas por Ronaldo em sessões anteriores. “O vereador Ronaldo Silva, nosso colega vereador — hoje eu estou numa bancada distinta, estou na bancada do prefeito Simão Durando e me orgulho muito, agradeço muito pela acolhida, vereadores. Cheguei para ser o vigésimo na bancada e, quem quiser vir, pode vir, porque tem vaga: 21, 22, 23. A gente quer somar, fazer política com grandeza. Mas eu queria lhe dizer, vereador, que o senhor não colocou inverdades, mas distorceu, o senhor tentou assombrar a nossa população, que já é tão sofrida. Não se pode usar essa tribuna aqui para causar pânico.”

Segundo Gabriel, o problema enfrentado pela empresa Atlântico é financeiro, e não de má vontade com o serviço. “É verdade que os ônibus têm diminuído, mas o que não foi dito, talvez de forma maldosa, foi o motivo pelo qual isso vem acontecendo. A empresa não está ganhando dinheiro, está pagando para trabalhar. E qual é a saída? É o subsídio. Se a passagem não for subsidiada, como é em inúmeras grandes cidades brasileiras, Petrolina vai ficar sem empresa de ônibus.”

O vereador ainda destacou que o prefeito Simão Durando está em busca de uma solução para o impasse. “O nosso prefeito está trabalhando incansavelmente para resolver. Ontem mesmo, tivemos uma reunião para ficar a par das novidades. E será resolvido. Estou aqui para tranquilizar a nossa população: não vai ficar sem ônibus.”

Gabriel também comentou os desafios enfrentados pelo transporte coletivo diante do avanço dos aplicativos de mobilidade. “A população cada vez menos usa os ônibus. Surgiu o mototaxista, depois chegou o Uber, o 99… Da pandemia para cá, o impacto foi geral. E o que a gente pode fazer? Nada. É o avanço, é o progresso, são as mudanças que o tempo vai causando.”

O discurso, entretanto, não ficou sem resposta. Nela, Ronaldo Silva não poupou críticas e acusou a prefeitura de incompetência. “Meus amigos, aqui nós estamos parecendo a Escolinha do Professor Raimundo, enrolando lero, enrolando lero. Aqui, eu quero parabenizar os vereadores que usaram a palavra. Foi preciso, como sempre, o vereador Ronaldo Silva trazer a pauta do transporte público para que vocês se manifestassem. Mas se manifestar era para defender o povo, não a empresa nem o prefeito.”

O vereador também criticou o uso do termo “passe livre” nas falas da situação. “Tanta palavra bonita, né? Tanta palavra bonita aqui… De subsídio, de passe livre. Passe livre, pelo amor de Deus! Vereador de situação trazer esse assunto de passe livre aqui pra esta Casa… Tá pensando que o povo é besta, é?”

Ele também reforçou o argumento de que a gestão não tem cumprido com sua parte. “Estão falando aqui que está atrasado o pagamento do subsídio. Então é isso mesmo? Estão dizendo que o município não pagou? Então é falta de competência! Vocês estão mostrando que o governo é incompetente.”

O debate mostrou que, apesar dos esforços para resolver a crise do transporte coletivo em Petrolina, o tema continua sendo um campo de batalha político, com a oposição cobrando resultados e a situação tentando sustentar a credibilidade da gestão diante de um problema complexo e de longa data.

O acordo firmado entre a Prefeitura e a Atlântico Transportes prevê a redução da frota para 42 ônibus, a suspensão das linhas aos fins de semana em diversos bairros, além do reconhecimento de uma dívida da gestão com a empresa e a possibilidade de aporte financeiro via subsídios, pontos que têm provocado reações divergentes dentro e fora do plenário.