Maio alerta para o câncer de ovário: oncologista explica sintomas, prevenção e tratamento

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Durante o mês de maio, voltado à conscientização sobre o câncer de ovário, médicos e especialistas reforçam a importância do diagnóstico precoce para aumentar as chances de cura da doença, considerada a neoplasia ginecológica mais letal entre as mulheres. O oncologista Bernardo Oliveira explica os principais riscos, sintomas e métodos de detecção e tratamento.

“Um câncer, como você bem falou, que tem uma incidência alta. É o terceiro câncer ginecológico que marca maior incidência. Estima-se que a cada ano mais de 6.000 mulheres vão ser acometidas com esse tipo de câncer. É um tipo de câncer silencioso, como você também falou. É um câncer que cresce silencioso”, afirmou.

Segundo o médico, em 90% dos casos o diagnóstico ocorre em estágio avançado, o que reduz as chances de cura. “É importante aquilo que a gente sempre fala: a prevenção.”

Ele destaca que o câncer de ovário acomete, em grande parte, mulheres entre a quinta e sexta décadas de vida, geralmente após a menopausa. “Tem característica de mulheres que têm a menarca muito jovem e também a menopausa muito tardia. São relacionadas também com pessoas sem atividade física, com dieta rica em carboidrato.”

Sobre a forma de diagnóstico, o médico explica que muitas vezes o tumor é descoberto de maneira acidental. “A paciente faz um preventivo, tem uma dor, algum incômodo, e vai buscando uma coisa e acha outra. É um câncer que normalmente é feito o diagnóstico com ultrassom simples, feito de rotina na mulher. Posteriormente, começamos a investigar de forma mais atenta com exames mais complexos.”

Questionado sobre possíveis formas de rastreamento, Dr. Bernardo aponta que há exames indicados para mulheres com histórico familiar. “10% das pacientes que têm câncer de ovário têm relação com mutação genética. Pacientes que têm câncer de mama têm mais chance de ter câncer de ovário. O câncer de ovário tem exames mais específicos que a gente vai abrir posteriormente.”

Ele afirma que, no consultório, orienta as pacientes a realizarem ultrassonografias regulares. “Sempre que a gente está com a paciente mulher no nosso consultório, junto com o preventivo, a gente orienta fazer um ultrassom transabdominal, ultrassom pélvico. Porque conseguimos rastrear de forma mais precoce.”

Dr. Bernardo também esclarece que dores associadas ao período fértil, como a chamada “dor da ovulação”, não têm relação com o câncer de ovário. “A mulher tem mulher mais sensível que consegue perceber essa questão da ovulação, mas nada tem a ver com câncer de ovário. Inclusive, é bom deixar claro que o cisto ovariano também não tem a ver com câncer de ovário e nem evolui para isso.”

Sobre prevenção, o oncologista reforça a importância do acompanhamento médico. “As mulheres que vão com mais frequência ao médico, que fazem o preventivo, o ultrassom com frequência todo ano, são mulheres que são diagnosticadas mais precocemente, com isso têm maior chance de cura.”

Ele também menciona os anticoncepcionais hormonais como fator de proteção. “Tem estudos que mostram que o uso de anticoncepcionais hormonais é fator protetivo para o câncer de ovário. Algumas mulheres acham que pode provocar, mas não, ele é fator protetivo.”

Em relação ao tratamento, o médico explica que toda paciente com câncer de ovário passará por algum procedimento cirúrgico. “O mínimo que ela vai passar é uma biópsia. A imagem que a gente vê nos exames é do momento em que foi feita. A imagem pode ter características que sugerem malignidade, mas o diagnóstico definitivo é feito com exame histopatológico.”

“O diagnóstico pode ser feito por biópsia com cirurgia, seja laparoscopia, aberta, robótica, ou por biópsia guiada. Tendo o diagnóstico em mãos, vamos propor junto com o paciente o melhor tratamento.”

Segundo ele, os tratamentos estão disponíveis na região. “Graças a Deus, hoje conseguimos tratar o câncer de ovário aqui na região, tanto a parte cirúrgica quanto a quimioterápica e terapia-alvo. Às vezes o SUS tem limitação por causa do catálogo de medicamentos, mas tem tudo aqui.”

Para mulheres na menopausa ou em tratamento hormonal, o médico alerta que a idade avançada aumenta o risco. “O câncer é para ser em idoso. Ele é uma mutação que existe nas células da gente. Quanto mais idoso, maior a chance de ter câncer. Mas, por questões da nossa sociedade, rotina, costumes, temos tido pacientes muito jovens com câncer, tanto de ovário, quanto coloretal, quanto de colo uterino.”

A principal orientação, segundo Dr. Bernardo, é a vigilância com exames de rotina e atenção a sintomas persistentes. “Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior a chance de cura.”