Vale do São Francisco amplia fruticultura irrigada e aposta na diversificação

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O Vale do São Francisco já demonstrou ser uma região fértil. Na parte que corresponde ao sertão pernambucano, a produção de frutas, como uva, manga e coco, se consolidou como uma das principais atividades econômicas, com destaque para Petrolina, maior cidade da região. No entanto, na terra privilegiada pelas águas do Rio São Francisco e onde o sol reina boa parte do ano, novas experiências na fruticultura irrigada ganham espaço. Agricultores familiares e pequenos produtores locais têm investido no plantio e venda de outras culturas, como acerola, abacate, mirtilo, pitaya, cacau, limão, entre outras. O Sebrae/PE acompanha e incentiva este movimento, que cria oportunidades e fortalece ainda mais a economia do Vale.

Além das consultorias e capacitações periódicas, ao longo dos últimos anos, o Sebrae realizou eventos importantes com o objetivo de estimular empreendedores que se dedicam às novas culturas. Na lista estão duas edições do Acerola Day, duas do Abacate Day e uma oficina com produtores e realização do Mirtilo Day. Durante os encontros, os agricultores recebem orientações sobre uso correto do solo, controle de pragas, técnicas de comercialização e acesso a mercado. Este ano, além das edições já programadas destes eventos, outras cidades da região do São Francisco também estão na rota de realização de encontros como estes.

Outra frente importante é o intercâmbio entre pequenos e grandes negócios. “Não só levar uma nova cultura, mas fazer com que as grandes empresas conheçam esses agricultores e comprem a produção local. É o que chamamos de encadeamento produtivo.Temos feito um trabalho muito forte no sentido de aproximar esses dois lados, tornando a região mais diversa e em ritmo de crescimento”, destaca Layane Macedo, analista de agronegócio do Sebrae/PE.

O atual movimento de ampliação da fruticultura irrigada é recente, mas já se mostra um celeiro de oportunidades para vários municípios banhados pelo Velho Chico. As iniciativas implantadas em Petrolina são as principais vitrines e estimulam gestores a investirem na diversidade de culturas, a exemplo de Belém do São Francisco, Cabrobó e Orocó, que já iniciaram suas ações para fortalecer a produção de acerola e abacate por pequenos agricultores. Neste ponto, o Sebrae tem sido uma ponte fundamental de articulação entre prefeituras e agricultores.

Ainda não há dados consolidados sobre a diversidade de culturas na região, mas as experiências continuam e o Sebrae tem papel importante no incentivo, orientando sobre adequação do solo, licenciamento ambiental, capacitação e atuação em rede, por meio do cooperativismo. O trabalho é desenvolvido com parceiros como a Embrapa, entidade que, por meio de suas pesquisas, enxerga novas possibilidades em meio ao solo sertanejo.

“A acerola, por exemplo, tem ciclos, às vezes se planta muito, às vezes pouco. Por isso é preciso estar atento às demandas do mercado para uma produção contínua. Nossas pesquisas levaram a uma acerola menos ácida, que pode ser ingerida como se come uva, por exemplo. Nos cítricos, o São Francisco tem grande potencial para a cultura do limão taiti, e com a vantagem da ausência de pragas, que acometem os limoeiros da região sudeste. Também já começamos a ter experiências exitosas com maçã, pêra e caqui”, explica João Ricardo Ferreira, pesquisador da Embrapa.

Todo o esforço para não ficar preso ao que o Vale historicamente já produz também gera um efeito positivo na balança comercial brasileira. As capacitações ajudam os produtores a atender as demandas do mercado externo.“A acerola, por exemplo, tem uma valorização muito maior quando você consegue vender para a indústria processar a vitamina C presente no fruto, sobretudo fora do Brasil. Ou seja, o produtor ganha um pouco mais do que se ele fosse comercializar a acerola apenas para alimentação. Esse cenário tem contribuído para a expansão do plantio do fruto. Em Belém do São Francisco, por exemplo, já são dez hectares”, explica o também analista Gledson Mattos.

E ainda há espaço para explorar novas culturas? Na chamada “terra dos impossíveis” sempre existe lugar para experiências exitosas na fruticultura irrigada. A aposta dos empreendedores do Vale do São Francisco é nos citros, em especial o limão, que começa a dar seus primeiros passos. Outra articulação busca incentivar a plantação de cacau na região, por meio do intercâmbio entre pequenos produtores e uma grande empresa do ramo alimentício.

Fonte: Assessoria