O delegado Gabriel Sapucaia, titular da Delegacia de Homicídios de Petrolina, apresentou nesta semana os detalhes da investigação sobre a morte do empresário piauiense Erlan Oliveira, de 27 anos, espancado brutalmente na madrugada da última sexta-feira (21) nas imediações de um bar da cidade. A Polícia Civil já prendeu três suspeitos e segue à procura de outros dois, enquanto um sexto envolvido ainda está em processo de identificação.
De acordo com o delegado, o crime é tratado como homicídio qualificado, com duas circunstâncias agravantes: motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. A operação foi batizada de Fúria Cega, em referência à violência do ataque. O inquérito aponta que Erlan foi agredido por um grupo de seis pessoas, incluindo duas mulheres, após uma sequência de episódios que se iniciou com uma confusão entre ele e um motorista de aplicativo.
Segundo Sapucaia, a vítima saiu da festa de São João e seguiu até um bar, quando se envolveu em um desentendimento com o motorista. Minutos depois, já nas proximidades do estabelecimento, Erlan teria corrido até um grupo que estava reunido ao redor de carros com som automotivo, fechou abruptamente o porta-malas de um dos veículos e entrou no banco do motorista, o que teria desencadeado a série de agressões.
“Estamos analisando se ele confundiu o carro com o dele ou se, por conta da discussão anterior, estava tentando escapar de alguma ameaça. O que temos confirmado é que, a partir do momento em que entra no veículo, ele é puxado à força com um golpe conhecido como ‘mata leão’. Antes disso, foi agredido dentro do carro, retirado e novamente espancado no chão. As agressões foram registradas em vídeo e confirmadas por testemunhas”, afirmou o delegado.
Além do mata-leão, o ataque incluiu socos, chutes e pisões. Uma das mulheres teria usado uma bota para agredir a vítima no chão. O laudo aponta que a causa da morte foi um edema cerebral provocado por hemorragia interna.
Até o momento, três suspeitos estão presos temporariamente. Dois continuam foragidos, mas um deles, segundo o delegado, manifestou por meio da defesa o interesse em se apresentar à polícia. Um sexto envolvido ainda está sendo identificado e deve ter a prisão solicitada nos próximos dias.
Os interrogatórios revelaram que um dos detidos negou participação nas agressões, enquanto os outros dois optaram pelo silêncio. Ainda assim, a polícia afirma ter provas robustas da participação de todos os investigados, com base em imagens e testemunhos.
O delegado Gabriel Sapucaia também esclareceu que o crime não teve relação direta com a festa oficial de São João. “Foi um fato isolado, ocorrido em um local que já registra episódios de brigas e discussões, considerado um ambiente pós-festa. Não houve confusão em paredão ou dentro do espaço dos festejos, como foi inicialmente veiculado. O bar fica a cerca de cinco quilômetros do polo junino”, explicou.
A Polícia Civil trabalha agora para concluir o inquérito no prazo legal de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, e deverá encaminhar o material à Justiça após a coleta de depoimentos restantes. A expectativa é que, com a documentação completa, os envolvidos respondam por homicídio qualificado, cuja pena pode chegar a 30 anos de prisão.
Além desse caso, o delegado informou que outras ocorrências de homicídio foram registradas no período junino em Petrolina, como o assassinato de um homem na Praça da Catedral, cujo suspeito foi preso com arma de fogo e drogas dias após o crime. Segundo Sapucaia, as investigações estão em estágio avançado também nesses casos.