A ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (30), acentua a incerteza em diversos setores do agronegócio, que vem calculando possíveis perdas com o que podem deixar de vender para os Estados Unidos.
A tarifa, que antes era de 10% passa a ser de 50% sobre as importações a partir do dia 6 de agosto, meia-noite no horário local, e atinge em cheio o agronegócio brasileiro, afirmaram executivos do setor. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula um impacto de US$ 5,8 bilhões em exportações do setor para o mercado americano.
Poucos produtos agrícolas entraram na lista de exceções da tarifa de 50% que valerá para as cargas que forem comercializadas em território norte-americano a partir de 6 de agosto. Apenas suco de laranja, castanhas e celulose não terão a taxação.
Frutas
Produtores de manga da região do Vale do São Francisco calculam perdas de R$ 80 milhões com a tarifa Das importações do Brasil pelos Estados Unidos. Para Paulo Dantas, diretor da Agrodan, maior exportadora brasileira da fruta, que cultiva em 1.300 hectares, o impacto imediato será sobre pequenos e médios produtores.
“Muita gente planta pensando exclusivamente no mercado americano, especialmente da variedade Tommy, que responde por cerca de 70% do que é enviado para os Estados Unidos”, diz.
Ainda que a Agrodan esteja relativamente protegida neste momento por operar exportações ao longo de todo o ano e exclusivamente para o mercado europeu, o cenário é de preocupação generalizada. “Se a Europa começar a receber muita manga, o preço vai despencar”, avalia.
Café
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) fala em uma “corrida contra o tempo” para reverter a situação ou, pelo menos, reduzir seus danos. Segundo o diretor-executivo da entidade, Marcos Matos, as negociações de isenção ou redução das tarifas passam a ser “país por país”, dependendo do produto.
“A entrada da taxa, que já era um cenário mais provável, não impede a nossa negociação. Em exemplos anteriores, vários países foram taxados e negociaram outros formatos depois”, frisa.
O Cecafé avalia que a relação bilateral com os Estados Unidos pode direcionar a um melhor cenário de tarifas para o café do Brasil. Hoje, os EUA importam cerca de 24% do grão brasileiro. São o principal cliente da cafeicultura brasileira. “Teremos de correr contra o tempo, conviver o menor tempo possível com essas taxas, tentar baixá-las e conseguir um diálogo. A grande questão é quando e como”, diz.
Fonte: Globo Rural