Câmara de Petrolina debate melhorias para curso de Medicina da Facape em sessão marcada por críticas e embates

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A sessão da Câmara Municipal de Petrolina desta quinta-feira (21) foi dominada pelo debate referente a cobranças dos estudantes sobre melhorias no curso de Medicina da Facape. O assunto ganhou corpo a partir do Requerimento nº 386/2025, apresentado pelo vereador Dhiego Serra, que questionou uma série de falhas estruturais e administrativas da autarquia municipal. No documento, Serra pediu explicações ao prefeito Simão Durando e ao diretor-presidente da Facape, Moisés Almeida, sobre atrasos em disciplinas, falta de insumos básicos, ausência de convênios com hospitais, improvisos em aulas práticas e a instabilidade na coordenação do curso. O parlamentar defendeu medidas urgentes.

“Quero ter a alegria de ser atendido, no futuro, por profissionais de medicina da Facape qualificados. Não é justo que alunos, que pagam altas mensalidades, estejam tendo aula de ginecologia com inserção de DIU em mamão”, alegou em sua justificativa.

O debate esquentou com a fala do vereador Ronaldo Silva, que culpou a gestão municipal pela situação e ofereceu alternativas via governo do Estado. “Como é que você faz um curso de medicina e não procura o Dom Malan, não procura a UPA? Isso é brincar com o sentimento dos alunos. Eu ouvi dizer que tem bonecos de mais de R$ 1 milhão trancados em depósito. Esses equipamentos deveriam estar sendo usados nas práticas, não guardados como enfeite. Vou levar essa reivindicação à governadora Raquel Lyra para firmar convênios e dar condições aos estudantes.”

O líder do governo, Diogo Hoffmann, pediu destaque para que o requerimento fosse votado separadamente. Ele rebateu as críticas da oposição e disse que o debate deve ser técnico. “Cada demanda apresentada é legítima e será acompanhada ponto a ponto. Mas me causa estranheza querer trazer a governadora Raquel para esse debate, quando nas escolas estaduais de Petrolina faltam professores e merenda. A questão da Facape é técnica e estamos tratando com seriedade.”

A resposta não convenceu Ronaldo Silva, que voltou a atacar. “Todas as vezes que a gente traz a verdade aqui, a situação chama de politicagem. Mas a minha ‘politicagem’ vai continuar: fiscalizando e cobrando. No Hospital Municipal de vocês não tem nem maca. Isso é irresponsabilidade.”

O líder da oposição, Gilmar Santos, também reforçou as críticas, apontando omissão da prefeitura e classificando a situação como descaso planejado. “Como é que se cria um curso de medicina sem condições para funcionar? Isso não é política, é politicagem. Nós vamos fiscalizar para que os recursos do povo sejam aplicados de forma responsável. Parabenizo Dhiego Serra pelo requerimento, que é uma ação política séria, em defesa de interesses coletivos.”

A vereadora Maria Elena saiu em defesa da prefeitura, garantindo que os problemas já estão sendo enfrentados. “As coisas já estão andando. O prefeito ficou muito sensibilizado com o relatório dos alunos e puxou a orelha da Facape para dar andamento às soluções. Não vamos politizar esse debate. As respostas virão.”

Presente à sessão, o vice-prefeito Ricardo Coelho reforçou o compromisso da gestão em resolver as falhas apontadas e anunciou novas parcerias. “Já está na ponta da agulha o convênio com o Hospital Dom Tomás, além de acordos com o Neurocardio e o Memorial. Isso vai garantir aulas práticas de qualidade para os estudantes. Também estamos avaliando nomes técnicos para a coordenação do curso, para organizar a casa e dar suporte aos alunos.”

A vereadora Rosarinha Coelho, que tem uma filha estudando medicina em outra cidade, fez uma fala emocionada em defesa do fortalecimento do curso da Facape. “Vocês, estudantes, precisam ter acesso imediato ao Hospital Municipal, à Policlínica, ao Dom Tomás. Como mãe de aluna de medicina, eu digo: lutem para fortalecer esse curso, porque carregarão esse nome ao final. Essa luta não vai parar.”

O autor do requerimento, Dhiego Serra, concluiu pedindo urgência na adoção de medidas. “Não podemos aceitar que Petrolina invista mais de R$ 4,8 milhões no Hospital Universitário e que os alunos da Facape fiquem de fora. Não é justo que, ao final do curso, estudantes de medicina daqui não tenham sequer assistido a um parto real.”

O requerimento foi aprovado por 19 votos.