Nesta segunda-feira (15), o programa Nossa Voz recebeu Francisco Pascoal, mais conhecido como Chicou, diretor de finanças do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Petrolina. Ele falou sobre o Plebiscito Popular por um Brasil mais justo, iniciativa que vem mobilizando milhares de pessoas em todo o país, além das atividades do sindicato e da preparação para a conferência estadual sobre o mundo do trabalho, marcada para o próximo dia 30 de outubro, no Recife.
Segundo Chicou, o encontro será um momento decisivo para discutir as transformações no mundo do trabalho, envolvendo poder público, classe patronal e trabalhadores.
“O objetivo dessa conferência é debater a transformação no mundo do trabalho para que a gente possa ter um trabalho decente. A modernização é grande na indústria, no comércio, no campo, nos serviços, e é preciso discutir como os trabalhadores querem esse processo”, destacou.
Ele defendeu ainda a realização de uma pré-conferência em Petrolina, reunindo representantes de todo o Sertão do São Francisco e do Araripe, para que a região também tenha voz ativa.
“O Sertão está se desenvolvendo, principalmente com a fruticultura. Muitos trabalhadores estão na clandestinidade, sem carteira assinada. A pergunta é: isso acontece por causa dos programas sociais do governo ou por falta de valorização da mão de obra no Vale do São Francisco?”, questionou.
Mobilização pelo Plebiscito Popular
Durante a entrevista, Chicou ressaltou a importância da participação popular no plebiscito, que aborda dois eixos principais: a jornada de trabalho 6×1 e a taxação dos super-ricos, com isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
“Nós já temos urnas circulando em Petrolina e no interior de forma voluntária. Vários sindicatos e movimentos sociais estão engajados. Queremos mobilizar a sociedade, porque quem faz a lei são os parlamentares, e precisamos pressionar deputados e vereadores”, afirmou.
O sindicalista informou ainda que uma urna está disponível na sede do sindicato, funcionando de segunda a quinta-feira, das 7h às 17h, e às sextas até às 16h.
Valorização da mão de obra no campo
Um dos pontos centrais levantados por Chicou foi a falta de valorização do trabalhador rural. Ele comparou os salários pagos no Vale com outras regiões exportadoras do país, onde os direitos e benefícios são mais respeitados.
“Há mais de 30 anos cobramos alimentação no local de trabalho. No Sul, os trabalhadores têm salário mais elevado e alimentação garantida, enquanto aqui seguimos lutando por esse direito básico”, explicou.
Chicou também criticou a desmotivação causada pela diferença salarial entre trabalhadores fixos e equipes contratadas por tarefa:
“Hoje, um trabalhador de carteira assinada chega a ganhar menos do que quem trabalha em equipe. Isso desmotiva e gera evasão. Não é por causa do Bolsa Família, é falta de valorização da mão de obra”, reforçou.
Próximos passos
O diretor de finanças do sindicato adiantou que nesta terça-feira (16) será realizado um seminário de preparação de pauta para a campanha salarial de 2026, com participação dos delegados sindicais.
“É um momento importante diante do que o país está vivendo. Vamos debater e construir coletivamente a nossa pauta. Agradeço ao programa Nossa Voz pelo espaço e deixo o convite para que os trabalhadores participem”, concluiu.



