Chikungunya segue como preocupação no Brasil após 10 anos de presença

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© Fernando Frazão/Agência Brasil

Especialistas alertam para necessidade de combate ao mosquito transmissor e melhorias no acompanhamento dos pacientes na rede pública.

Mais de uma década após a identificação dos primeiros casos no país, a chikungunya continua sendo motivo de preocupação para autoridades de saúde. O alerta é da reumatologista Viviane Machicado Cavalcante, presidente da Sociedade Baiana de Reumatologia (Sobare), que participou de conferência durante o Congresso Nacional de Reumatologia, realizado até este sábado (20) no Centro de Convenções de Salvador (BA).

Segundo a especialista, um dos maiores desafios é o controle do vetor — os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. “A gente mora numa zona tropical e há dificuldade de controle por causa da falta de saneamento básico. É preciso também adequar o sistema de saúde para acompanhar esses pacientes, principalmente na rede pública, onde muitas regiões não têm ambulatórios suficientes para o tratamento”, afirmou.

Dados do Ministério da Saúde indicam que, somente em 2025, o Brasil já registrou 121.803 casos de chikungunya e 113 mortes até o dia 17 de setembro. O Nordeste foi o epicentro dos primeiros surtos da doença e continua registrando altos índices, com destaque para Minas Gerais e Mato Grosso do Sul no último ano.

A preocupação também é internacional. Há duas semanas, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alertou para surtos localizados em países das Américas, com 212.029 casos suspeitos e 110 mortes confirmadas até 9 de agosto. Mais de 97% das ocorrências foram na América do Sul.

Vacina sob análise

Outro ponto de atenção é a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Valneva. O imunizante, que contém o vírus vivo atenuado, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril para aplicação em pessoas acima de 18 anos.

No entanto, em agosto, a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, suspendeu a licença do mesmo imunizante após registro de efeitos adversos graves, incluindo casos de encefalite. “Ainda não sabemos qual será o posicionamento da Anvisa diante dessa suspensão”, disse Viviane Cavalcante.

Sobre a doença

A chikungunya é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue e do zika. Entre os sintomas mais comuns estão febre alta, dores intensas nas articulações, dor de cabeça, dor muscular, calafrios e manchas vermelhas na pele. Em casos graves, as dores articulares podem se tornar crônicas e durar anos.

A principal forma de prevenção é o combate ao mosquito, eliminando criadouros e água parada em vasos de plantas, pneus, garrafas e outros recipientes.

Fonte: Agência Brasil