PEC da Blindagem: deputados pedem desculpas e admitem erro após pressão

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Deputados federais que votaram a favor da chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem voltaram atrás e pediram desculpas aos eleitores. A proposta, aprovada pela Câmara dos Deputados em dois turnos — 353 a 134 votos no primeiro e 344 a 133 no segundo —, limita a possibilidade de abertura de processos penais contra parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF) e agora segue para análise do Senado.

A deputada Silvye Alves (União Brasil-GO) publicou um vídeo em seu Instagram no qual classificou o voto a favor como um “erro gravíssimo”. Sem citar nomes, ela disse ter recebido ligações de “pessoas influentes do Congresso” que a ameaçaram com retaliações caso se posicionasse contra a proposta.

“Eu fui covarde e cedi à pressão, por volta de quase 23h, eu mudei meu voto […]. Eu quero pedir perdão”, afirmou Silvye.

Outro parlamentar que se manifestou foi Merlong Solano (PT-PI). Em nota, ele classificou o voto como “grave equívoco” e pediu desculpas ao povo do Piauí e ao PT. O deputado disse que sua intenção era “preservar o diálogo” entre o partido e a presidência da Câmara, mas reconheceu que o esforço não impediu o avanço de outras pautas polêmicas, como a anistia a condenados pelos atos de 8 de Janeiro.

“Esse esforço não surtiu efeito. O acordo político foi rompido e a votação da PEC ocorreu sob sérias irregularidades, incluindo a reintrodução do voto secreto no texto”, declarou Merlong.

O deputado Pedro Campos (PSB-PE), irmão do prefeito do Recife, também se pronunciou. Em vídeo publicado nas redes sociais, ele explicou que seu voto foi estratégico para evitar bloqueio a pautas do governo Lula, como a ampliação da tarifa social de energia e a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil. Ainda assim, ele admitiu que a decisão não representou “o melhor caminho”.

“Saímos derrotados na votação da PEC e na votação da anistia”, disse Pedro, que também assinou o mandado de segurança apresentado ao STF para tentar anular a votação.

A PEC agora será analisada pelo Senado, onde deve enfrentar maior resistência para ser aprovada.

Fonte: G1