A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta terça-feira (23), a operação Raízes de Papel II, com apoio da Coordenação-Geral de Inteligência da Previdência Social do Ministério da Previdência Social. Segundo a PF, a ação visa desarticular um grupo responsável por concessões indevidas de benefícios previdenciários nas cidades de Juazeiro e Sobradinho, na Bahia, e no Rio de Janeiro.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações apontam que uma advogada, já alvo da operação Raízes de Papel, valia-se de um gerente do INSS para facilitar transações internas no órgão. Os suspeitos também teriam realizado pagamentos indevidos a servidores públicos e utilizado outros expedientes para ocultar bens e valores, configurando lavagem de capitais.
Na operação desta quarta, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e determinadas medidas cautelares, incluindo afastamento de servidor público, monitoramento eletrônico da investigada, apreensão de passaporte, proibição de frequentar agências do INSS e de atuar em causas previdenciárias.
Raízes de Papel: antecedentes da investigação
A operação Raízes de Papel, deflagrada em 30 de junho, tinha como objetivo cumprir mandados judiciais relacionados a fraudes na concessão de benefícios previdenciários, especificamente auxílio-maternidade rural. Na ocasião, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Juazeiro e Sobradinho, incluindo dois escritórios de advocacia envolvidos em arrendamentos fraudulentos de glebas rurais para justificar pedidos de benefício junto à Justiça Federal.
A advogada investigada, natural de Sento Sé (BA), é proprietária de dois escritórios de advocacia em Juazeiro e Sobradinho. Segundo a PF, Lilian teria fraudado ao menos 30 processos previdenciários para obter auxílio-maternidade rural de forma ilegal. A prática incluía falsificação de documentos simulando vínculos empregatícios das clientes com propriedades rurais, com o objetivo de enganar o INSS.
Conforme apuração do Correio da Bahia e informações da Polícia Federal, a advogada abordava mulheres grávidas afirmando que elas tinham direito ao benefício independentemente do vínculo rural. Para isso, teria pago R$ 6 mil a um fazendeiro para assinar contratos falsos. Além disso, as clientes não teriam recebido os valores dos benefícios, que chegavam a cerca de R$ 3 mil cada.