Depressão pós-parto: psicóloga alerta para sinais, causas e prevenção em Petrolina

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A chegada de um filho costuma ser cercada de expectativas e emoções intensas, mas nem sempre esse período é marcado apenas por alegria. Muitas mulheres enfrentam a chamada depressão pós-parto, transtorno que pode comprometer a saúde mental da mãe, o vínculo com o bebê e até a dinâmica familiar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1 em cada 4 mulheres pode apresentar sintomas depressivos após o parto, mas o diagnóstico ainda enfrenta tabus e desconhecimento.

Para falar sobre o tema, o programa Nossa Voz conversou com a psicóloga perinatal Isabel Mendes, do Centro de Parto Normal, que atende mulheres grávidas, em pós-parto e que passaram por perdas gestacionais. Segundo ela, o atendimento realizado no centro inclui psicoterapia breve e um pré-natal psicológico, pioneiro na região, voltado para a prevenção da depressão pós-parto.

“Realizamos psicoterapia breve, porque o atendimento é específico para grávidas e mulheres no início do pós-parto. Também oferecemos o pré-natal psicológico, um trabalho de prevenção que ajuda a reduzir os riscos de depressão após o parto”, explica Isabel.

Ela ainda diferencia o baby blues da depressão pós-parto. “O baby blues não é uma doença, é uma condição emocional que dura cerca de duas semanas, com sintomas como irritabilidade e tristeza leve. Já a depressão pós-parto é mais intensa e precisa de avaliação profissional para diagnóstico.”

Fatores de risco e impactos

Entre os principais fatores que podem levar à depressão pós-parto, Isabel Mendes cita alterações hormonais, gravidez não planejada, falta de apoio familiar, violência doméstica, histórico de depressão e questões financeiras. “Todos esses fatores aumentam o risco. Além disso, o quadro afeta o bebê e o relacionamento familiar, desde a gestação, podendo influenciar no desenvolvimento da criança”, alerta a psicóloga.

Ela ainda reforça que o transtorno também pode afetar homens, mostrando que não se trata apenas de questões hormonais. “O homem também pode ter depressão pós-parto, só que muitas vezes ele não verbaliza os sintomas. A atenção da família é fundamental para identificação e cuidado.”

Segundo Isabel, barreiras culturais e falta de conhecimento dificultam que as mulheres busquem ajuda. “Muitas grávidas nem sabem que o atendimento psicológico existe ou que é necessário. Observação e empatia das pessoas ao redor são essenciais para identificar sinais precoces.”

Sobre o papel do Sistema Único de Saúde (SUS), ela destaca a necessidade de ampliar a oferta de psicólogos para atender a demanda. “O projeto do pré-natal psicológico ainda é novo, e precisamos de mais profissionais, inclusive nos postos de saúde, para atender essa população.”

A psicóloga esclarece que casos leves de depressão pós-parto podem ser tratados apenas com psicoterapia, mas formas moderadas ou graves exigem acompanhamento médico e, em alguns casos, medicação.

“É importante que a sociedade entenda que a gravidez não é sempre um período de plena felicidade. Mulheres e familiares devem buscar atenção aos sinais precoces e procurar ajuda profissional. A depressão pós-parto tem cura, mas se não tratada pode se cronificar”, conclui Isabel Mendes.