Encontro reúne mais de 100 participantes do Sertão e define propostas para etapa estadual em 2025
O município de Salgueiro, no Sertão pernambucano, é sede nesta terça-feira (30) de uma das etapas regionais da IV Conferência Estadual de Direitos Humanos de Pernambuco. O encontro reúne representantes da sociedade civil, poder público e lideranças comunitárias para discutir propostas que vão compor o documento estadual em 2025 e, posteriormente, serão levadas à conferência nacional.
Mais de 100 participantes estão inscritos, entre gestores, militantes e organizações populares. A secretária executiva de Direitos Humanos de Pernambuco, Gláucia Andrade, destacou a importância do processo e do apoio dos municípios.
“Hoje a gente agradece demais ao prefeito Fabinho por abrir as portas de Salgueiro. Estamos recebendo pessoas de todo o Sertão, tanto da sociedade civil quanto do poder público. As conferências são espaços democráticos, onde cada um pode falar do seu território, apresentar potencialidades e também vulnerabilidades”, afirmou.
Segundo Andrade, Pernambuco tem investido na retomada dos conselhos de direitos e na realização de etapas intermunicipais para garantir maior representatividade. O tema central da conferência deste ano é “Por um Sistema Único de Direitos Humanos”, em paralelo a experiências já consolidadas no SUS e no SUAS.
Diversidade e representatividade
A secretária explicou que a composição dos delegados segue regras definidas pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos: 70% das vagas são destinadas à sociedade civil e 30% ao poder público, com recortes obrigatórios para mulheres, população negra, indígenas, quilombolas, pessoas de terreiro e outros grupos tradicionais.
“É um esforço para garantir que a pluralidade de Pernambuco esteja refletida na etapa estadual e, depois, na nacional. Temos acompanhado de perto cada região para que ninguém fique de fora”, disse.
Desafios e retrocessos
Entre os principais desafios, Gláucia Andrade citou o cansaço da militância diante de retrocessos nas políticas de direitos humanos nos últimos anos. Para ela, a conferência é um espaço pedagógico e de resistência.
“Às vezes, quando se fala em direitos humanos, muita gente abaixa o volume achando que não precisa. Mas direitos humanos estão em tudo: do transporte à alimentação, do lazer à segurança. É preciso mostrar que não aceitamos nenhum direito a menos”, reforçou.
Após a etapa de Salgueiro, a conferência segue para Paulista, na Região Metropolitana, última parada antes do encontro estadual em 2025. De lá, serão eleitos 37 delegados e delegadas que vão representar Pernambuco na conferência nacional, prevista para o próximo ano, em Brasília.
“Pernambuco é diverso e tem seguido o modelo de ‘ouvir para mudar’. Queremos ecoar as vozes do Sertão, do Agreste, da Mata e da Região Metropolitana para contribuir na construção de políticas públicas de alcance nacional”, concluiu Andrade.