Câmara de Petrolina pressiona Governo do Estado após onda de protestos contra a Compesa

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Reverberando críticas feitas pela população de Petrolina, vereadores usaram a sessão ordinária desta terça-feira (07) para reforçar a insatisfação com o serviço prestado pela Compesa. Em meio a relatos de bairros com até 60 dias sem água nas torneiras, vereadores da base do prefeito Simão Durando denunciaram o descaso da companhia e exigiram uma postura mais firme do Governo do Estado, comandado por Raquel Lyra (PSDB).

O vereador Wanderley Alves foi o primeiro a abordar o tema e relatou o drama enfrentado por moradores que chegam a ficar até 60 dias sem água nas torneiras. O parlamentar informou que entrou com uma ação no Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e também na Armup, pedindo que os consumidores não sejam obrigados a pagar pelas contas em períodos prolongados de desabastecimento.

“Bairros com mais de 60 dias sem água nas torneiras. A população não sabe mais o que fazer. Entrei com ação no Ministério Público solicitando a isenção da tarifa cobrada pela Compesa, principalmente onde já são mais de 20 dias sem água. Se o bairro está com 20 dias sem água, nada mais justo que não pague pela conta, já que não utilizou”, disse. Segundo Alves, entre as áreas citadas estão os bairros João de Deus, Pedra Linda, Jardim São Joaquim, Vila Eulália e Areia Branca, onde a população enfrenta o mesmo problema.

A vereadora Cláudia Ferreira reforçou as críticas e classificou o problema como recorrente e negligenciado. “A Compesa parece tratar a falta d’água como brincadeira. Quando o problema acontece, sempre dizem que é uma bomba quebrada, uma manutenção pendente. Enquanto isso, as pessoas sofrem. É hora da governadora Raquel Lyra chamar a Compesa para uma mesa e resolver essa situação de uma vez”, cobrou.

A vereadora Maria Elena de Alencar foi além e sugeriu que a Câmara forme uma comissão para ir ao Palácio do Campo das Princesas, no Recife, e discutir o problema diretamente com a governadora. “Não há como defender a Compesa. Nunca se sofreu tanto com falta d’água em Petrolina. Nem o centro escapa. Ontem mesmo, em casa, precisei encher bacias para poder tomar banho. A situação é insustentável. Peço aos colegas que a gente vá até a governadora, porque ela não é seu patrimônio, vereador Ronaldo Silva, ela é governadora de Pernambuco e precisa ouvir o povo de Petrolina”, afirmou.

O vereador Ronaldo Silva, aliado da governadora, saiu em defesa da Compesa e criticou a ação civil pública movida por lideranças comunitárias contra a estatal, apontado contaminação partidária em meio a causa coletiva. “Estão certos em denunciar a falta d’água, mas a maioria dessas lideranças tem portaria na prefeitura. Deveriam agir como líderes de verdade, não como funcionários do gabinete do prefeito. A governadora tem investido mais de 60 milhões de reais em Petrolina, e isso precisa ser reconhecido”, rebateu.

Em resposta, o líder da bancada governista, Diogo Hoffmann, classificou a Compesa como um caso de “unanimidade negativa” entre os petrolinenses. “A cada dez moradores de Petrolina que você perguntar, onze vão dizer que a Compesa não presta. A companhia abandonou o povo de Petrolina.”

Hoffmann ainda reforçou que os problemas de abastecimento foram reconhecidos até pelo Ministério Público, que moveu ação civil pública contra a companhia. O vereador leu trechos do documento que detalham a gravidade da situação. “O Ministério Público aponta a situação crítica de desabastecimento nas zonas Norte e Leste de Petrolina, com destaque para os bairros Henrique Leite, Pedra Linda, Novo Tempo, São Gonçalo, Vila Eduardo e adjacências. Diz ainda que há cobrança indevida por serviços não prestados, inclusive em escolas e unidades de saúde. É um absurdo”, declarou.

Nesta quarta-feira (08), o programa Nossa Voz recebe o gerente regional da Compesa, Alex Chaves, que deve repassar as informações acerca dos problemas que assolam o abastecimento de água em Petrolina.