Categoria cobra avanços no acordo coletivo, respeito e participação em discussões sobre privatização da empresa
Por Marco Aurélio
A manhã desta segunda-feira (13) começou com manifestação em frente à sede da Compesa, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Os trabalhadores aprovaram em assembleia a deflagração de uma greve por tempo indeterminado, alegando falta de avanços nas negociações do acordo coletivo de trabalho e buscando mais valorização profissional.
O repórter Marco Aurélio esteve no local e conversou com o vice-presidente do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco, Roberto Palma, que explicou os motivos da paralisação.
“Essa greve vai acontecer porque o governo não respondeu ao pleito dos trabalhadores. Nós estamos desde o mês de maio sentados com a empresa, já foram 14 rodadas de negociação, e o governo não fez uma proposta que contemple o anseio dos trabalhadores. Então, nós resolvemos fazer com que a empresa tenha consciência de que os trabalhadores são os mais importantes nessa situação”, afirmou Palma.
Segundo ele, a decisão também é uma resposta à falta de diálogo sobre o processo de privatização da Compesa, que preocupa a categoria.
“Estamos às portas de uma privatização, e os trabalhadores não foram consultados. Todos sabemos que privatização começa com a precarização dos serviços. Veja Petrolina, uma cidade banhada pelo Rio São Francisco, que passa 10, 15 dias com bairros sem água. Isso mostra o descaso do governo em querer mostrar à população que a Compesa não presta um bom serviço e precisa ser privatizada”, completou.
O sindicalista também destacou a incerteza dos servidores diante do futuro da empresa.
“Não podemos aceitar que trabalhadores com 20, 15, 10 anos de empresa não saibam qual vai ser o seu destino depois dessa privatização. Sabemos que, quando as empresas são privatizadas, a primeira coisa que acontece é demissão em massa”, disse.
Serviços essenciais mantidos
Apesar da paralisação, o sindicato garante que os serviços essenciais à população serão mantidos durante a greve.
“Quero tranquilizar a população petrolinense e pernambucana de que os serviços essenciais terão prioridade. Nós não deixaremos faltar água e nem deixaremos de trabalhar com os esgotos da cidade. Qualquer situação emergencial terá trabalhadores disponíveis para realizar os reparos necessários”, afirmou o vice-presidente.
Negociações e expectativa
Questionado sobre a possibilidade de retomada do diálogo, Roberto Palma afirmou que o sindicato está aberto à negociação, mas que a greve segue por tempo indeterminado.
“Até agora o que recebemos foi um interdito proibitório solicitado pela empresa, no sentido de impedir a continuidade da greve. Mas isso não vai impedir os trabalhadores, porque eles estão decididos a paralisar as atividades. Essa situação está nas mãos do governo”, destacou.
“Nós não vamos ser irresponsáveis, mas também não admitimos que os trabalhadores e a população sejam tratados da forma que o governo vem conduzindo. É privatização sem consultar os trabalhadores, sem ouvir a população. O sucateamento dessa empresa tradicional é culpa exclusiva do governo”, concluiu.
A categoria promete manter mobilizações nos próximos dias em Petrolina e outras regiões do estado, até que o governo estadual apresente uma proposta considerada justa pelos trabalhadores.