Redução foi de 0,63%, puxada por arroz, tomate e açúcar, segundo levantamento da Facape. Especialista alerta que deflação é pontual e pede cautela ao consumidor.
O preço da cesta básica em Petrolina apresentou uma pequena queda em setembro. De acordo com o levantamento mensal do Colegiado de Economia da Faculdade de Petrolina (Facape), o valor médio passou para R$ 585,32, o que representa uma redução de 0,63% em relação ao mês anterior.
A boa notícia para o consumidor foi impulsionada, principalmente, pela queda nos preços do arroz, do tomate e do açúcar, produtos que tiveram maior oferta e boa safra. Mesmo assim, itens como carne e café continuam pressionando o orçamento das famílias, acumulando altas expressivas ao longo do ano.
“Essa deflação é pontual”, explica a economista Socorro Macedo, integrante do colegiado responsável pela pesquisa. “Ela está diretamente relacionada a uma boa safra e a um período momentâneo de estabilidade. No caso do arroz, tivemos uma grande produção, o que aumentou a oferta e reduziu o preço. Já o tomate segue uma tendência de queda, que depende muito das sazonalidades.”
Apesar da leve trégua, o consumidor ainda sente o peso no bolso. De acordo com a economista, a cesta básica acumula alta de 14,27% nos últimos 12 meses. “Ainda é um número preocupante. Se compararmos com o mesmo período do ano passado, os preços seguem bem acima da média, especialmente por causa das carnes e do café”, afirma Socorro.
A especialista também destacou que o aumento das exportações tem contribuído para o encarecimento de alguns produtos no mercado interno, como as carnes.
“O Brasil redirecionou parte da sua produção para outros mercados. Hoje, a Argentina absorve cerca de 30% das nossas frutas, a Holanda 28%, o Reino Unido 23% e os Estados Unidos vêm reduzindo sua participação. Essa reorganização muda as rotas e encarece custos, com tarifas, embalagens e tempo de transporte”, explicou.
No caso do Vale do São Francisco, Petrolina e Juazeiro foram responsáveis por 94% da uva exportada em 2025, com embarques principalmente pelos portos de Fortaleza e Salvador. “O volume exportado cresceu bastante. Em 2025 foram 4.747 toneladas, contra uma média histórica de 3.300 toneladas. Isso mostra que o Vale se manteve forte, mesmo em meio às dificuldades econômicas”, avaliou a economista.
Mesmo com a desaceleração de alguns preços, Socorro Macedo pondera que ainda há obstáculos para o consumidor sentir alívio no dia a dia.
“O custo do dinheiro ainda é muito caro, com uma taxa Selic em torno de 15%. Embora o desemprego tenha caído, é preciso entender que tipo de emprego está sendo criado. São vagas que geram valor e estabilidade ou apenas ocupações de baixa remuneração?”, questiona.
Ela lembra que o IPCA de setembro ficou em 0,48%, acumulando 5,87% em 12 meses — próximo ao teto da meta. “Há expectativa de estabilização, mas o cenário exige cautela. Estamos entrando em um período de maior consumo, com feriados e festas de fim de ano, o que naturalmente pressiona os preços novamente”, concluiu.