Moradores do bairro Vila Esperança, em Petrolina, estão há mais de 30 dias sem água e denunciam descaso da Compesa

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Nossa equipe esteve no bairro Vila Esperança, em Petrolina, onde os moradores enfrentam uma situação crítica: a falta de água há mais de 30 dias. Mesmo após manifestações e promessas de retorno parcial do abastecimento, as torneiras continuam praticamente secas. A população denuncia o descaso da Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento) e pede uma solução urgente.

Nas ruas, é possível ver moradores com baldes, garrafões e recipientes improvisados tentando armazenar o pouco de água que escorre de uma torneira pública. O clima é de indignação e cansaço.

O comunicador e morador da comunidade, Jota Silveira, relatou que a situação chegou ao limite:

“Aqui já faz mais de 30 dias que não tem água. As pessoas estão saindo de casa para aparar um pouquinho de água numa pequena torneira que tem aqui. O pior é que estamos lavando louça e cozinhando com água mineral, porque não temos água para absolutamente nada. E até agora, a Compesa não se manifestou para resolver o problema.”

Segundo Jota, os moradores já tentaram contato com a companhia, mas não obtiveram nenhuma resposta oficial.

“A Compesa não atende. Parece que não tem ninguém responsável para resolver. Estamos vivendo uma situação caótica. Se falta água, falta tudo. Como é que a gente sobrevive assim?”, desabafou.

A moradora Sandra Silva afirma que já são mais de quatro semanas sem abastecimento em casa:

“Já tem um mês que não tem água na torneira. As roupas estão sujas, pra beber a gente tem que comprar galão de água mineral. Pra cozinhar, peguei quatro baldinhos de água aqui na praça. E o pior é que a conta chega, mas a água não.”

A ex-presidente da Associação de Moradores, que preferiu não ser identificada, contou que a comunidade realizou um protesto nesta quarta-feira (29) e deve voltar às ruas nesta semana.

“A gente acorda às 3h, 4h da manhã para tentar pegar um galão de água. Quando volta pra casa, já acabou. É desumano. E a Compesa precisa dar uma resposta, porque o bairro está abandonado.”

O morador João Batista reforçou o apelo por ajuda e a sensação de abandono:

“Todo dia a gente clama por água. As mães de família acordam de madrugada pra pegar um pouquinho aqui na torneirinha da quadra. A situação tá difícil. Parece que ninguém faz nada por nós. A gente tá esquecido.”

Outra moradora, Silvana Souza, destacou que o problema já afeta a saúde e o bem-estar das famílias:

“Acordamos 4h da manhã pra esperar um pinguinho de água e às vezes nem chega. Quem não tem condição de comprar água mineral vai beber o quê? A gente tá sofrendo demais.”

A moradora Camila Araújo, que vive no bairro desde a criação do conjunto habitacional Minha Casa, Minha Vida, afirma que o Vila Esperança é esquecido pelo poder público:

“Aqui nunca teve um abastecimento decente. Não tem creche, as crianças atravessam pista pra estudar em outro bairro. E agora tiraram o pouco que tínhamos. Não é só a água que falta, é dignidade. É uma falta de humanidade. Só lembram da gente em época de eleição.”

Em nota, a Compesa informou que concluiu uma série de ações para minimizar os impactos causados pelas oscilações no fornecimento de água registradas nas últimas semanas, provocadas por paradas emergenciais nas ETA’s 1 e Vitória, além de manutenções em bombas e filtros nos centros de reservação.

Entre as intervenções finalizadas, a companhia destacou a instalação de um novo conjunto motobomba no Centro de Reservação do bairro José e Maria e a implantação de um novo sistema de limpeza da Estação de Tratamento de Água (ETA 01), localizada no Centro da cidade. Os testes do novo sistema começaram nesta quarta-feira, e a previsão é que até a próxima semana o fornecimento de água seja regularizado.

A Compesa reforçou ainda que segue com ações estruturantes em Petrolina, com investimentos de R$ 100 milhões em obras que incluem a implantação de uma nova Estação de Tratamento de Água — com capacidade superior a 400 litros por segundo —, além da licitação para reformas e modernização das ETAs Centro, 2 e Vitória, e implantação de novas adutoras.