Leninha rebate Chapa 1 e afirma: “A gente vai concorrer mesmo a comissão dizendo que está impugnado, porque a gente não foi impugnado pela Justiça”

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A disputa pela presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina (STTAR) segue marcada por tensão, acusações e embates judiciais. O processo eleitoral, previsto para ocorrer no dia 25 de novembro, está judicializado e expõe as divisões internas na entidade que representa milhares de trabalhadores rurais do Vale do São Francisco.

Depois de a Chapa 1, liderada por Joelma, afirmar publicamente que Lucilene Santos Lima, a Leninha, estava “impugnada” e sem condições de concorrer, a ex-presidenta reagiu. Em entrevista, Leninha rebateu as declarações e reafirmou sua confiança na Justiça e na legitimidade de sua candidatura.

“A gente vai concorrer mesmo a comissão dizendo que está impugnado, porque a gente não foi impugnado pela Justiça. A justiça vai ser feita e a gente vai conseguir provar”, declarou.

A sindicalista, que já presidiu o STTAR e tenta retornar ao cargo pela Chapa 2, acusa a atual gestão de perseguição política e manipulação do processo eleitoral. Segundo ela, a comissão eleitoral, responsável por conduzir o pleito, foi formada por aliados da direção atual e vem tomando decisões de forma parcial.

“A candidata da Chapa 1, junto do seu advogado, veio aqui falar inverdades. Eu estou sendo perseguida, não só eu como o companheiro Daniel. A atual gestão tem tentado nos descredibilizar, mas a gente acredita na Justiça. Já enfrentamos uma fraude no estatuto, quando tentaram impor chapa única, e vencemos. Vamos vencer de novo”, afirmou.

Em meio às acusações, Leninha denunciou que integrantes da Chapa 1 teriam recorrido a métodos abusivos para questionar seu vínculo empregatício.

“Chegaram a dizer que colocaram drone. Veja a invasão de privacidade. Ficamos sabendo disso quando o advogado da Chapa 1 falou ao vivo no programa. Estão tentando criar gargalos para que a eleição não aconteça com duas chapas, mas eu acredito na Justiça”, disse.

A ex-presidenta apresentou documentos que, segundo ela, comprovam que é trabalhadora assalariada rural desde 2000 e que está com todos os encargos em dia. “Aqui está o meu registro, minha certidão da empresa. O que eles dizem não condiz com a documentação que temos”, reforçou.

O advogado Dr. Edmilson Alves Júnior, representante de Leninha, também contestou as declarações da Chapa 1 e a condução da comissão eleitoral.

“É importante que se corrija: o advogado que foi à rádio junto com a candidata da Chapa 1 não representa o sindicato, mas a própria chapa. Ele não tem legitimidade para falar em nome da entidade, porque não apresentou nenhuma procuração”, afirmou.

Edmilson relatou que a assembleia que definiu as regras da eleição, realizada em 26 de setembro, é alvo de ação judicial por suspeita de fraude.

“Essa assembleia está na Justiça. Há denúncias de oferta de benefícios, atestados e outras vantagens para garantir votos à atual presidente. Nosso recurso contra as impugnações foi protocolado no dia 21 de outubro e, até agora, não houve resposta. A comissão eleitoral é formada por pessoas ligadas à gestão e isso compromete a isenção do processo”, disse.

Para o advogado, mesmo com a impugnação apresentada pela comissão, não há impedimento legal para que Leninha dispute o pleito.

“Em qualquer processo eleitoral, enquanto não há trânsito em julgado, o candidato pode concorrer, fazer campanha e ser votado. Isso é o que determina o princípio da ampla defesa e do contraditório”, explicou.

Empresa confirma vínculo de Leninha e desmente advogado da Chapa 1

A JF Agrícola Ltda, empresa onde Leninha trabalha, divulgou uma nota oficial para desmentir informações apresentadas pela Chapa 1 em entrevista anterior.

“Negamos veementemente a informação de que a senhora Lucilene dos Santos Lima não é empregada da empresa. Essa afirmação é inverídica. Em 17 de outubro, declaramos oficialmente à comissão eleitoral que ela é empregada devidamente registrada, com carteira de trabalho assinada e recolhimentos sindicais em dia”, diz o texto.

A empresa acrescenta que mantém atividades regulares no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho e destacou que as declarações contrárias “faltam com a verdade e confundem a categoria”.

Críticas à gestão e defesa dos trabalhadores

Leninha também voltou a criticar decisões da atual diretoria em negociações coletivas recentes.

“Na negociação de dois anos atrás, o patronato ofereceu uma cesta básica de R$ 70 aos trabalhadores. A atual gestão trocou essa cesta, que seria um benefício direto, por uma diária que vai para o cofre do sindicato e das federações. Eu sou contra, porque o trabalhador já paga mensalmente e ainda tem desconto em setembro. Isso é desrespeito”, afirmou.

Ela ainda rebateu a narrativa de que sua gestão anterior teria deixado pendências.

“A gestão que está aí fala da gestão de Leninha, mas são as mesmas pessoas que estão há oito anos no sindicato, repetindo promessas vazias. Eu defendo o trabalhador, não o interesse de grupo”, disse.

Expectativa e tensão até o dia da votação

Com a eleição marcada para o dia 25 de novembro, o clima segue de incerteza e forte disputa. A Chapa 2, liderada por Leninha, promete seguir até o fim, enquanto aguarda decisões judiciais que podem impactar o resultado.

“A gente vai até o fim. Vamos concorrer, porque acreditamos na verdade e na Justiça. O trabalhador rural precisa ser respeitado, e essa eleição precisa acontecer de forma limpa”, concluiu Leninha.