A Embrapa Semiárido, sediada em Petrolina (PE), é uma das unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária com presença confirmada na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que acontece em Belém do Pará. A instituição leva à conferência soluções criadas no sertão nordestino que unem bioeconomia, sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas.
Entre os destaques apresentados pela equipe estão a ferramenta digital E-Planfor e a cultivar de maracujá silvestre BRS Sertão Forte, duas inovações que traduzem a convivência produtiva com o Semiárido.
A E-Planfor foi desenvolvida para auxiliar produtores rurais no planejamento alimentar e forrageiro dos rebanhos, permitindo calcular de forma simples e gratuita a demanda de alimentos e de água para diferentes tipos de criação. A ferramenta reúne dados sobre as principais forrageiras do sertão, como palma e capim-buffel, e pode ser utilizada por pequenos e médios produtores mesmo em regiões de baixa disponibilidade hídrica.
“Essa é uma tecnologia bem interessante, porque o produtor consegue saber se tem alimento e água suficientes para o rebanho durante o período seco. É um aplicativo gratuito, acessível e voltado à realidade do Semiárido. O diferencial é que ele também calcula a demanda de água, o que ajuda o criador a se preparar melhor para as estiagens”, explicou o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Semiárido, o pesquisador Carlos Gava, que representa a unidade na conferência.
Outro destaque é o maracujá BRS Sertão Forte, primeira variedade nativa da Caatinga recomendada para cultivo comercial. Descoberta a partir de uma planta silvestre da região, a cultivar é símbolo da bioeconomia da Caatinga e se destaca pela resistência à seca e pelo potencial de geração de renda para agricultores familiares.
“O maracujá BRS Sertão Forte é muito resistente à baixa disponibilidade de água. Ele continua vivo e produzindo mesmo quando outras variedades morreriam. Além disso, pode ser processado em geleias, doces e até fermentados, como um vinho de maracujá da Caatinga. Isso agrega valor e fortalece as cadeias produtivas locais”, destacou o pesquisador.
As tecnologias estarão expostas no estande da Embrapa e na Trilha da Jornada pelo Clima, espaço que reúne soluções sustentáveis com impacto direto na mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Além da exposição, Carlos Gava participa de dois painéis temáticos no pavilhão da Agrizone. O primeiro, realizado nesta terça-feira (11), aborda o bioma Caatinga e a adaptação às mudanças climáticas. Já o segundo, marcado para quarta (12), discute os avanços em agricultura biossalina, uma das frentes de pesquisa da Embrapa voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais em ambientes áridos.
“A COP 30 é uma vitrine global, e nossa presença aqui mostra que o Brasil é muito mais do que Amazônia. Temos a Caatinga e o Cerrado, biomas ricos e diversos, e queremos mostrar que o Semiárido também gera ciência, tecnologia e soluções sustentáveis reconhecidas no mundo inteiro”, ressaltou Gava.
Com a participação na COP 30, a Embrapa Semiárido reforça o papel do Nordeste como protagonista na construção de um futuro climático mais resiliente, mostrando que o conhecimento produzido no sertão pode inspirar o mundo.




