A audiência pública para apresentação do relatório do segundo quadrimestre da saúde municipal de Petrolina, realizada nesta terça-feira (11), terminou em clima de tensão e troca de acusações entre os vereadores Professor Gilmar Santos (PT) e Aero Cruz (PDT). O encontro, que deveria tratar de dados técnicos referentes aos meses de maio a agosto de 2025, acabou dominado por um embate político que evidenciou o acirramento das relações entre governo e oposição na Câmara.
A sessão foi convocada em cumprimento à Lei de Responsabilidade Fiscal e à Lei Complementar nº 141/2012, com a participação do secretário de Saúde, João Luís Nogueira Barreto, e da diretora de Planejamento da Secretaria Municipal de Saúde, Jakelina Lucena.
Durante a explanação dos resultados, o líder da oposição, Professor Gilmar Santos, criticou duramente a gestão municipal pela ausência de documentos e relatórios de auditoria disponíveis no site da secretaria. O parlamentar cobrou mais transparência e disse que a situação representava uma “irresponsabilidade” da gestão.
“Como é que a gente vai fazer um debate sério sobre a política municipal de saúde com esse nível de irresponsabilidade? […] A manutenção da falta de transparência compromete a fiscalização e a confiança da população”, afirmou o vereador, acrescentando que já encaminhou representações ao Ministério Público para investigar o caso.
Em resposta, o secretário João Luís Nogueira lamentou o tom da crítica e defendeu o trabalho dos servidores da pasta. Ele esclareceu que todos os dados estão disponíveis no sistema federal Digisus e nos portais do Ministério da Saúde, e que a Secretaria Municipal de Saúde mantém diálogo constante com o Ministério Público.
“Fiquei triste, Gilmar, porque houveram palavras como desqualificado e irresponsável. Essa equipe trabalha com seriedade. Todos os relatórios estão disponíveis, e qualquer dúvida pode ser verificada junto ao Ministério da Saúde”, respondeu o gestor.
Mesmo após a tentativa de conciliação, o clima no plenário se agravou quando o vereador Aero Cruz, integrante da base governista, pediu a palavra para defender os servidores municipais e cobrar uma retratação. Em tom exaltado, Aero pediu desculpas à equipe da Secretaria de Saúde pelas palavras do colega e reagiu com veemência.
“Não podemos aceitar que servidores que tanto trabalham sejam tratados dessa forma. Esses profissionais transformaram a rede de 38 para 58 unidades de saúde. Quero aqui pedir desculpa a todos eles. E peço respeito: quem quer ser respeitado, precisa respeitar também”, declarou.
A fala foi seguida de um bate-boca entre os dois vereadores, quando Aero, visivelmente irritado, afirmou que “não aceitaria críticas de vereador usuário de maconha” — declaração que provocou reações de protesto no plenário. Gilmar rebateu, acusando o colega de desrespeito e mencionando irregularidades na reforma do prédio da Câmara, realizada durante a gestão de Aero como presidente. Mesmo com os microfones desligados pela Mesa Diretora, os dois continuaram discutindo.
O presidente da Casa, Osório Siqueira, que havia se ausentado durante parte da audiência, retornou para encerrar a sessão e classificou o episódio como “um momento de excesso verbal”.
“Discussões acaloradas fazem parte do parlamento, mas precisamos manter o respeito mútuo. Se houve ofensas, a mesa vai analisar e tomar as medidas cabíveis”, afirmou.
Antes do encerramento, Aero ainda cobrou da Mesa Diretora uma reunião para tratar do episódio, enquanto Gilmar reforçou que não se calará diante do que considera “abusos de poder e tentativas de intimidação”.
A audiência pública, que deveria apresentar dados técnicos da saúde, terminou marcada por um dos confrontos mais duros dos últimos anos na Câmara de Petrolina, trazendo um reflexo do crescente embate entre as bancadas de situação e oposição às vésperas de um ano eleitoral com possíveis candidaturas oriundas da Casa Plínio Amorim.



