Sessão do Novembro Negro reúne lideranças e reforça debate sobre igualdade racial em Petrolina

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Vereador Gilmar Santos destacou importância de reconhecer a contribuição histórica do povo negro e cobrar políticas públicas efetivas

A Câmara Municipal de Petrolina abriu espaço, nesta terça-feira (18), para uma sessão solene dedicada ao Novembro Negro. A iniciativa, proposta pelo vereador professor Gilmar Santos, reuniu movimentos populares, lideranças religiosas, artistas, professores e pesquisadores para discutir racismo, resistência e políticas de promoção da igualdade racial.

Logo no início da cerimônia, o vereador ressaltou que o encontro é um momento de memória e reflexão sobre a trajetória do povo negro na formação do país.
“É uma oportunidade de rememorar e refletir sobre a contribuição histórica e cultural da população negra, ao mesmo tempo em que olhamos para o racismo que continua permeando nossas vidas”, afirmou.

Gilmar chamou atenção para a desigualdade na ocupação de espaços de poder, apesar de a população negra ser maioria no Brasil e em Petrolina.
“Somos cerca de 54% no país e aproximadamente 72% aqui no município. Mesmo assim, quando vamos aos espaços de decisão, a maioria ainda é branca. Existe um pacto da branquitude que impede oportunidades, equidade e justiça social”, disse.

Durante a fala, o vereador relatou situações recentes envolvendo famílias da ocupação Palmares, que enfrentaram ações de remoção.
“Uma mãe teve que sair às pressas, depois de uma cesariana, para não ter sua casa derrubada. A maior parte das pessoas atingidas são negras e vivem processos contínuos de vulnerabilização”, destacou.

Estatuto de Igualdade Racial

Gilmar também abordou o Estatuto de Igualdade Racial de Petrolina, instituído pela Lei 3.330/2020, da qual é autor.
“O estatuto é uma das nossas maiores conquistas. Ele garante direitos na educação, saúde, cultura, habitação, luta pela terra e reconhecimento das comunidades de matriz africana”, explicou.

Segundo o vereador, apesar de avanços como a criação do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, ainda é preciso fortalecer a estrutura que sustenta as políticas públicas.
“Precisamos do fundo municipal e de financiamento para que a prefeitura cumpra o estatuto. Também temos cotas de 30% para pessoas negras em processos seletivos, concursos e estágios, que precisam ser respeitadas”, afirmou.

Responsabilidade coletiva

Ao longo da sessão, Gilmar reforçou que combater o racismo é uma tarefa compartilhada.
“Todos nós somos responsáveis pela luta contra o racismo e pela promoção da igualdade e justiça social”, declarou.

Ele também destacou a mobilização nacional pelo 20 de Novembro — agora feriado — e pela PEC da Reparação.
“É uma luta atual. A PEC pode garantir 20 bilhões de reais para políticas de igualdade racial no Brasil. Precisamos que a sociedade se engaje”, pontuou.

Para o vereador, o debate precisa alcançar toda a população.
“Quanto mais informadas as pessoas estiverem, mais conseguiremos superar as injustiças. O racismo atrasa, deprime, constrange e mata, e temos estatísticas que comprovam isso. Mas, mais do que denunciar, queremos enaltecer as contribuições do povo negro”, completou.

Ao final, Gilmar convidou os moradores de Petrolina a conhecerem o Estatuto de Igualdade Racial, disponível em seu site, e a participarem de ações e discussões sobre o tema.