A eleição para a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina (STTAR) ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (19), depois que o juiz da 1ª Vara do Trabalho de Petrolina, Genison Cirilo Cabral, suspendeu provisoriamente a decisão da comissão eleitoral que havia indeferido a candidatura de Lucilene Santos Lima, a Leninha. Com a medida, a Chapa 2 volta a concorrer na eleição marcada para o dia 25 de novembro, reacendendo a disputa em uma entidade que já vive semanas de tensão, acusações e judicialização.
A polarização interna, que movimenta milhares de trabalhadores rurais do Vale do São Francisco, também chegou aos microfones do programa Nossa Voz, onde a atual presidente e candidata à reeleição pela Chapa 1, Maria Joelma, comentou a retomada da candidatura adversária e respondeu às críticas que têm marcado a campanha. Logo no início da entrevista, Joelma reforçou que a eleição está confirmada, pediu a participação dos trabalhadores e afirmou que sua chapa tem apresentado propostas, enquanto, segundo ela, a adversária tem trabalhado com ataques.
“Sim, vai ter eleição no dia 25, agora na próxima terça-feira. Peço aos trabalhadores que levem um documento com foto. Se não quiser levar o documento físico, pode tirar uma foto no celular, o importante é que a gente consiga identificar a pessoa. Serão duas chapas concorrendo, e nós estamos no compromisso, mostrando o trabalho da Chapa 1. Enquanto foram com mentiras, enquanto foram com inverdades, enquanto foram tentar denegrir a nossa imagem, nós fomos com proposta. Porque política se faz com proposta, e nós somos uma chapa propositiva, que tem proposta e, melhor de tudo, tem trabalho para mostrar”, afirmou.
As críticas mais fortes da Chapa 2 giram em torno da alegação de que Leninha teria sido alvo de perseguição política e tentativas de impedir sua candidatura. Ao ser questionada sobre o assunto, Joelma rebateu afirmando que a adversária não participou da rotina sindical nos últimos anos.
“Uma pessoa que, desde que saiu do sindicato, não apareceu para nada. Nunca foi a uma assembleia, não participou de reunião, nem de negociação coletiva. Aí chega agora, no período eleitoral, simplesmente para denegrir. Ela não fala outra coisa a não ser denegrir. Eu não vejo ela falar em proposta. As emissoras que ela foi, foi falando de salário mentiroso da diretoria. Inclusive estou aqui com meu eSocial. O meu salário e a minha gratificação estão aqui, e aqui é eSocial. Não é contracheque que possa ser manipulado. É o valor real que a gente recebe. E sobre o trabalhador que teve a taxa assistencial descontada duas vezes este ano, eu deixo claro: se isso ocorreu, pode ir ao sindicato que nós devolvemos. Compromisso é isso.”
Joelma também citou ações da gestão atual nas fazendas e disse que muitas das críticas da oposição ignoram o trabalho realizado ao longo do mandato. Segundo ela, a diretoria buscou garantir direitos como prorrogação da licença para mães, saída antecipada no dia do pagamento e aquisição de protetor solar pelas empresas. “Quando essa diretoria foi para as fazendas garantir que a gestante tivesse sua criança e, após quatro meses de licença, garantisse mais dois meses para amamentar seu filho em casa, isso é compromisso. Quando fomos garantir que no dia do pagamento o trabalhador tivesse seis horas corridas para resolver suas coisas, isso é compromisso. Quando fomos garantir que a empresa comprasse o protetor solar para os trabalhadores, isso é compromisso. A eleição é agora na terça-feira. Podemos fazer campanha até domingo. Hoje é sexta, amanhã posso ir a uma fazenda, mas não consigo ir a todas. O que a gente não conseguiu fazer neste mandato, vamos fazer no próximo. Se não foi feito, é porque fomos impedidos de alguma forma, mas a vontade é grande, e o compromisso é maior ainda.”
Outro ponto polêmico da campanha é a acusação de que a atual gestão teria trocado uma cesta básica de R$ 70 por uma diária para o sindicato durante negociações coletivas anteriores. Segundo a candidata, essa narrativa é falsa. Ela explicou que houve uma pressão patronal para que o trabalhador perdesse direitos importantes em troca da cesta, e que a proposta foi rejeitada pelos próprios trabalhadores.
“É uma inverdade. A classe patronal queria que os trabalhadores perdessem o dia do pagamento, queria que trabalhassem o dia inteiro no dia em que deveriam receber. Além disso, queriam impor um contrato de safra de 12 meses. Com esse contrato, o trabalhador perderia o seguro-desemprego, a multa dos 40% e o aviso prévio. Em troca disso, vinha a cesta de R$ 70. E nós fomos às fazendas fazer assembleias, e os trabalhadores recusaram. Está em ata. Inclusive, se vocês buscarem nossas entrevistas aqui na rádio, vão ver que explicamos isso na época. A cesta era em troca da perda do dia do pagamento e do contrato de safra de 12 meses. Diferente de quem diz que fizemos acordo sem ouvir a base, nós fazemos acordo ouvindo os trabalhadores.”
A presidente também comentou a crítica da Chapa 2 sobre a ausência de ações trabalhistas movidas este ano, ponto citado inclusive na decisão judicial. Para ela, esse dado não reflete o trabalho real do sindicato. “Do mesmo jeito que eu não entendo o trabalho do juiz, ele também não vai entender o trabalho do sindicato. Se ele pedir quantos ofícios foram enviados para as fazendas para resolver problemas dos trabalhadores, eu levo uma pilha. A gente chama a empresa para discutir no sindicato. É desnecessário colocar uma empresa na Justiça quando podemos resolver internamente. Mas existe, sim, uma ação da doutora Marília Calado contra uma fazenda que impediu trabalhadores de entrarem. Eles tiveram prejuízo e nós vamos representá-los na Justiça.”
Com a votação prevista para começar às 8h da manhã do próximo dia 25, Joelma reforçou o apelo para que a categoria participe. “Você que tem o desconto da mensalidade sindical, faça valer sua vontade. Compareça, vote e participe.”
A expectativa é de que os próximos dias sejam decisivos para uma eleição que já se tornou uma das mais tensas e acompanhadas da história recente do STTAR, movimentando bases, lideranças rurais e setores do Vale do São Francisco à medida que as duas chapas se preparam para o confronto final nas urnas.



