A presidente reeleita do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina (STTAR), Maria Joelma, comentou nesta quinta-feira (27) o resultado da eleição realizada no dia 25 de novembro. A Chapa 1, que buscava renovar o mandato, venceu com 1.160 votos, contra 637 da Chapa 2. A entrevista foi concedida ao programa Nossa Voz.
Apesar da vitória, a votação registrou baixa participação: dos cerca de 6 mil trabalhadores aptos, apenas 1.837 compareceram às urnas, o equivalente a 34% do total.
Joelma reforçou que parte dessa abstenção foi causada, segundo ela, por impedimentos enfrentados por associados no momento da votação.
“Muitos chegaram para votar com documentos no celular e foram impedidos. É um documento aceito em banco, em qualquer lugar. E ali não aceitaram. Teve trabalhador com crachá da empresa que também não pôde votar”, disse.
“A oposição organizou para não dar quórum. Mas deu. E os que votaram, votaram porque acreditam na diretoria.”
Outro ponto destacado pela presidente foi a logística para envio das urnas às fazendas, onde está grande parte da base votante.
“Fizeram uma barreira em frente ao sindicato para atrasar a saída dos carros das urnas. A empresa mais distante precisa ser atendida primeiro, e eles tentaram impedir isso. Temos vídeos que mostram o atraso provocado”, relatou.
Contestação da Chapa 2 e possibilidade de judicialização
Ao longo da campanha, a Chapa 2 questionou diversos aspectos do processo eleitoral. A reportagem perguntou sobre a possibilidade de nova disputa judicial.
Joelma disse estar preparada:
“Foram mais de dez tentativas na Justiça para barrar a eleição, inclusive para suspender o dia do pleito. Não acredito que vão ficar calados agora, mas estamos muito tranquilos. Se a eleição fosse outro dia, o resultado seria o mesmo. A categoria confia na Chapa 1.”
O que representa o novo mandato
A presidente afirmou que a reeleição reafirma o compromisso da atual diretoria com os trabalhadores.
“Esses 1.160 votos mostram confiança. Nosso trabalho é para todos, inclusive para quem não votou na gente”, disse.
Entre as prioridades anunciadas para o novo ciclo estão:
- retomada imediata das negociações coletivas;
- assembleia para aprovação da pauta;
- defesa de alimentação no local de trabalho;
- pressão por fim do regime 6×1;
- salário digno e cesta básica;
- fortalecimento da proteção às gestantes, com reivindicação de licença-maternidade de seis meses;
- conclusão da subsede do Maria Tereza e da unidade da Disacolândia.
“O sindicato precisa estar presente. Quando está, o trabalhador reconhece. E foi esse reconhecimento que trouxe essa votação.”
Disputa marcada por embates judiciais
A eleição ocorreu em meio a uma disputa acirrada entre as chapas e uma série de contestações judiciais. No dia 18 de novembro, o juiz titular da 1ª Vara do Trabalho de Petrolina, Genison Cirilo Cabral, registrou em decisão a quantidade de ações e mandados de segurança movidos durante o processo.
O magistrado destacou:
Trecho da decisão judicial:
“A disputa eleitoral estabelecida no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina tem levado as partes a se notabilizarem no exercício do direito de ação, inclusive fazendo uso desmedido do Plantão Judiciário, mesmo sabendo ausentes as circunstâncias autorizadoras. Até o presente momento foram ajuizadas 5 (cinco) ações e impetrados 6 (seis) mandados de segurança, totalizando 11 (onze) insurgências em uma única disputa eleitoral.
Aliás, em paradoxo, nos últimos doze meses não se tem notícia de uma só ação trabalhista efetivamente ajuizada pelo Sindicato na defesa dos interesses da categoria, não obstante a base territorial congregar milhares de trabalhadores rurais, e que as centenas de ações ajuizadas pela advocacia particular noticiam, por muitas vezes, uma acentuada precariedade nas condições de trabalho dos rurícolas — sem a mínima notícia de amparo jurídico sindical.”
A disputa, marcada por manobras, impugnações e tentativas de suspensão, terminou com a confirmação da Chapa 1 para mais um mandato à frente do STTAR. Segundo Joelma, “o foco agora é deixar o clima eleitoral para trás e voltar para a pauta dos trabalhadores”.



