“Queria que tivesse sido comigo”, diz Miguel Coelho sobre tentativa de homicídio de secretário

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(foto: Carol Souza/Nossa Voz)

No fim da manhã desta quarta-feira (11), o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, concedeu uma entrevista coletiva para se pronunciar sobre o atentado sofrido pelo secretário executivo da Autarquia Municipal de Mobilidade de Petrolina (Ammpla), José Carlos Alves. O secretário foi alvejado a tiros quando saía de casa, por volta das 6h40.

Logo no início da coletiva, Miguel Coelho descreveu o sentimento compartilhado pela gestão municipal, em especial aqueles que trabalham de forma mais direta com José Carlos.”Nós aqui como equipe, como família da prefeitura, estamos tristes, abalados, assustados com tudo isso que aconteceu. Mas também a gente não pode se deixar abater. Até porque nós sabemos do compromisso e o que a população espera da gente”.

José Carlos foi alvejado por quatro tiros, um na região do tórax e outros três na cabeça, sendo que dois foram de raspão e um terceiro perfurou o crânio. O secretário executivo da Ammpla chegou consciente ao hospital. Ainda pela manhã passou por uma cirurgia craniana e o estado de saúde dele é estável. “Ele está já na UTI fazendo a recuperação pós-cirúrgica. Conseguiram fazer a remoção da bala que estava na cabeça. Ele vai permanecer internado por, pelo menos, uma semana, por conta das perfurações na região do tórax e também dos ferimentos na cabeça”, contou o prefeito.

(foto: Alexandre Justino/PMP)

Força tarefa da Polícia
Para ajudar na elucidação do crime, o prefeito informou que o governador de Pernambuco, Paulo Câmara e o secretário estadual de Segurança, Antônio Pádua disponibilizaram equipes das polícias Civil e Militar para trabalharem em parceria com a Guarda Civil Municipal. “O que a gente espera, e pelas informações que a gente tem, é que de que muito em breve, esse elemento que fez o atentado será identificado. Até porque já foram captadas imagens. A gente já tem o rosto”, afirmou Miguel Coelho, destacando ainda os apoios da Segurança Pública da Bahia e da Polícia Federal.

Ameaças

De acordo com Miguel Coelho, desde o início do processo de licitação, os servidores diretamente envolvidos passaram a receber ameaças. “A gente sabe que existiam as ameaças, mas a gente não imaginava, exatamente por nunca ter acontecido em Petrolina, que fosse chegar num ponto tão extremo como uma tentativa de homicídio”. Ainda segundo o prefeito, as ameaças foram em forma de mensagens, cartas assinadas com sangue e até visitas inesperadas de veículos desconhecidos nas residências dos servidores da Ammpla.

Por causas das ameaças, o diretor presidente da Ammpla, Edilson Leite, o prefeito Miguel e o próprio José Carlos já haviam conversado sobre a necessidade de reforço na segurança, mas acabaram optando por não alterar a rotina. “Nós entendiamos que não passariam das ameaças. Mas é óbvio que depois de hoje, medidas a mais terão que ser tomadas”.

Ainda segundo Miguel, até os sócios da empresa vencedora da licitação, a Atlântico Transportes, sofreram ameaças. “Eu fui informado que eles já abriram boletins de ocorrência na Bahia para poder investigar a parte deles. Isso não compete à prefeitura, mas demostra o nível de perigo a que estávamos expostos. Se essas ameaças forem comprovadas que é algo relacionado com a troca das empresas de ônibus, isso é um claro sinal de intimidação e a gente não vai aceitar”, garantiu o prefeito.

Ausência do secretário
“É óbvio que estamos num momento delicado porque estamos na transição, nos primeiros 15, 20 dias da nova empresa. Pra atender mais de 700 mil passageiros por mês. E José Carlos é a pessoa que está a frente disso. Então, é óbvio que José Carlos saindo a gente pode ter algo tipo de atraso. Mas a gente quer assegurar que a população não vai sofrer nenhum tipo de prejuízo em relação ao transporte coletivo”, afirmou Miguel Coelho.

Vulnerabilidade
No fim da coletiva, visivelmente emocionado, Miguel Coelho disse que todos que trabalham na gestão assumem alguns riscos. “São ossos do ofício que a gente tem que assumir alguns riscos. Todos nós aqui estamos vulneráveis. Eu preferiria até que algo tivesse acontecido comigo do que com qualquer funcionário meu. Até porque a responsabilidade é minha como prefeito, como líder, como gestor da minha equipe. Mas pegaram uma pessoa vulnerável, saindo de casa pra deixar sua filha no colégio. Então, isso é algo que emociona, choca. Mas que a gente tem certeza que vai chegar a cabo disso”, finalizou.